tag:blogger.com,1999:blog-1737093631804258502024-03-29T00:28:43.521-03:00Rapsódia BoêmiaUm blog dedicado a cinema, quadrinhos, games, humor e entretenimento em geral.Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.comBlogger2876125tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-41687467382570962352024-03-27T11:27:00.003-03:002024-03-27T11:27:26.789-03:00Crítica – O Homem dos Sonhos<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZv_ornFCX6AM9KcalV7DzVQh30eu8x1eXQ2QRKys3LVWuMR922SXJQ293HViKjEZsQ1wMK_uapg0pBVsiVYkbGXyKx2O3lMDjHeGUjWHIL7ZqozvNDRaHfBQrdUqRAachISFsG5tYYDvZjcPgpwulxlwVxoeaNSIHRlPxv8fCSe12lD0Fae6C0fI9AQtc/s912/o-homem-dos-sonhos-912x569.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Crítica – O Homem dos Sonhos" border="0" data-original-height="569" data-original-width="912" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZv_ornFCX6AM9KcalV7DzVQh30eu8x1eXQ2QRKys3LVWuMR922SXJQ293HViKjEZsQ1wMK_uapg0pBVsiVYkbGXyKx2O3lMDjHeGUjWHIL7ZqozvNDRaHfBQrdUqRAachISFsG5tYYDvZjcPgpwulxlwVxoeaNSIHRlPxv8fCSe12lD0Fae6C0fI9AQtc/w640-h400/o-homem-dos-sonhos-912x569.jpg" title="Resenha Crítica – O Homem dos Sonhos" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9PLn_DPNBS1YJQRPpWY7I0E6xHrgiYW4zsDiCeS4Qj00mjoMjwTxG0lNhAiGZTXdtm4FdsQo8hLA_LlWJ4EL1Zdet6kx9KNydma2A51zhjDYwH3RTkEY0KVuuGXxPwpIZp0qMO-RWxdDFBGrPJIYDMudi5IHg0jLkCmNLi6FLWFZmt8lUazXGhDdxINAj/s811/Cine2.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review – O Homem dos Sonhos" border="0" data-original-height="811" data-original-width="533" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9PLn_DPNBS1YJQRPpWY7I0E6xHrgiYW4zsDiCeS4Qj00mjoMjwTxG0lNhAiGZTXdtm4FdsQo8hLA_LlWJ4EL1Zdet6kx9KNydma2A51zhjDYwH3RTkEY0KVuuGXxPwpIZp0qMO-RWxdDFBGrPJIYDMudi5IHg0jLkCmNLi6FLWFZmt8lUazXGhDdxINAj/w210-h320/Cine2.jpg" title="Análise Crítica – O Homem dos Sonhos" width="210" /></a></div><div style="text-align: justify;">Com uma premissa bastante insólita, é difícil não ficar
curioso para conferir <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Homem dos Sonhos</i>.
O filme narra a história do pacato e frustrado professor universitário Paul
(Nicolas Cage). Apesar de uma carreira estável, Paul anseia mais
reconhecimento, algo que vem quando várias pessoas ao redor do país começam a
dizer que estão vendo o professor em seus sonhos. O fenômeno ganha atenção da
mídia e Paul logo se torna uma espécie de celebridade. O problema é que a fama
não é o que o professor esperava.</div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É uma trama que transita entre comédia, drama, terror e
surrealismo, com muito do que sustenta essa variação sendo a performance de
Nicolas Cage. Logo quando conhecemos Paul o vemos como um sujeito pacato e
relativamente patético, exemplificado na cena em que ele cobra de outra
acadêmica os créditos por um termo que ele crê ter cunhado. A cena em questão
nos mostra o anseio do personagem ao mesmo tempo em coloca algo de ridículo no
modo como ele parecer exigir do mundo algum reconhecimento. Conforme a trama
progride e a fama passa a ser um fardo para Paul e sua família, Cage transita
entre a dor e a frustração de ver que nem assim suas ambições irão se realizar.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Já as cenas de sonho permitem uma atmosfera de
estranhamento, com muitos deles sendo Paul caminhando a esmo em meio a algum
desastre, construída tanto pelas imagens surreais apresentadas quanto pela
esquisitice da performance de Cage. O ator também exercita performances de
terror conforme as pessoas começam a ter pesadelos com Paul e o filme nos
mostra essas imagens de Paul matando de maneiras extremamente cruéis.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">De início toda essa ideia curiosa de um sujeito comum
habitando os sonhos das pessoas parece ser uma maneira de falar sobre
inconsciente coletivo e como projetamos para o mundo nosso próprio
inconsciente. A partir do momento que Paul se torna uma celebridade o tema
parece ser o da fama. O filme então usa a história de Paul para ponderar como
os fenômenos midiáticos tem um ciclo cada vez mais veloz e curtos, com alguém
se tornando um fenômeno cultural do dia para noite e rapidamente cansando as
pessoas que se tornam fartas dele e o descartam como se não fosse nada. Em meio
a isso a trama também tenta falar sobre cultura do cancelamento, conforme as
pessoas começam a ter pesadelos violentos com Paul e ele se torna um pária.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A questão é que a partir do momento que o filme abandona
essas facetas mais surreais para usá-las como metáforas para a cultura
midiática contemporânea, a produção não tem muito a dizer além dessas
constatações óbvias de que elevamos pessoas comuns à fama só para derrubá-las
depois e extrair algum tipo de catarse desse julgamento coletivo de internet.
Posteriormente a trama também tenta explorar como essa cultura midiática tenta
transformar tudo em produto, apresentando o bizarro aparato que permite inserir
publicidades nos sonhos das pessoas. É uma ideia promissora, mas que a
narrativa infelizmente nunca desenvolve a contento.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Assim, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Homem dos
Sonhos</i> chama a atenção por sua atmosfera surrealista e imagens bizarras que
são elevadas pelo comprometimento de Nicolas Cage em levar seu personagem a
múltiplas direções, mas sua trama nem sempre aproveita o potencial da premissa
que constrói.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nota: 7/10<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trailer</p>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" src="https://www.youtube.com/embed/xVebJdrDO_Y?si=5eHSLFb15UmaHkyI" title="YouTube video player" width="560"></iframe>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-12200786585372691992024-03-26T11:00:00.004-03:002024-03-26T15:58:20.547-03:00Crítica – Madame Teia<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxO2TnmClmPq1F3oe0BwBqPUglfG05BXZrK8f3UjwKgZCoy4IcYCRgfep1m2BZABmyAlcid4bo1lxa5GPR7hxstGhC1kn-IDL2-XSKqVO8DvFUSF0ViuNyQcVIWXFPY3MnI_hHZqfiq_NF-RyjGR7xiQcG_zEEMHehGq__Lq52MX0jtMQ_fdwzb945L5zR/s980/attachment-thumbnail-2000px.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica – Madame Teia" border="0" data-original-height="652" data-original-width="980" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxO2TnmClmPq1F3oe0BwBqPUglfG05BXZrK8f3UjwKgZCoy4IcYCRgfep1m2BZABmyAlcid4bo1lxa5GPR7hxstGhC1kn-IDL2-XSKqVO8DvFUSF0ViuNyQcVIWXFPY3MnI_hHZqfiq_NF-RyjGR7xiQcG_zEEMHehGq__Lq52MX0jtMQ_fdwzb945L5zR/w640-h426/attachment-thumbnail-2000px.webp" title="Crítica – Madame Teia" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlMIa8QR7l20rKKuRt-AUc7iop-WcQA1L0F87l1QSm4aX0zgIAB0Xz0WlETFCuyqMn4aVov97EXf3D20mCpjVQQLR6lWjzVwg0r1i6IjYm16UAiiNKZ4syHWQaPNiREeWq0eBa8G1OoRMBp21vdqxWL2vJLVZprmkbtTQMqVcdTlV2JhvITwu98rI0tF-M/s386/2772653.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review – Madame Teia" border="0" data-original-height="386" data-original-width="300" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlMIa8QR7l20rKKuRt-AUc7iop-WcQA1L0F87l1QSm4aX0zgIAB0Xz0WlETFCuyqMn4aVov97EXf3D20mCpjVQQLR6lWjzVwg0r1i6IjYm16UAiiNKZ4syHWQaPNiREeWq0eBa8G1OoRMBp21vdqxWL2vJLVZprmkbtTQMqVcdTlV2JhvITwu98rI0tF-M/w249-h320/2772653.jpg" title="Resenha Crítica – Madame Teia" width="249" /></a></div><div style="text-align: justify;">Depois do horrendo <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2022/06/critica-morbius.html" target="_blank">Morbius</a></i>
(2022) a Sony parece não ter aprendido a lição e continua a insistir na ideia
equivocada de construir um universo com personagens que gravitam em torno do
Homem-Aranha sem, no entanto, usar o herói. A mais nova adição nesse plantel de
erros é <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Madame Teia</i>, um filme tão
equivocado, tão sem sentido e incompetente que acaba se tornando divertido e,
nesse sentido, acaba sendo um pouco melhor do que <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2022/06/critica-morbius.html" target="_blank">Morbius</a></i>. Um patamar fácil de superar, admito.</div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A trama acompanha Cassandra Webb (Dakota Johnson) uma
paramédica que desenvolve a capacidade de ver o futuro depois de um incidente
de quase morte. Ela passa a ter visões com três garotas sendo assassinadas e
quando as encontra no metrô decide protegê-las do perigoso Ezekiel Sims (Tahar
Rahim). Assim, Cassie coloca as jovens Julia (Sydney Sweeney), Anya (Isabela
Merced) e Mattie (Celeste O’Connor) sob sua proteção, já que elas estão
destinadas a serem super-heroínas e Sims tem visões de que elas o matarão no
futuro.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É impressionante como os personagens não conseguem aderir ao
mínimo de verossimilhança de conduta humana, algo que fica evidente já nos
primeiros minutos. Ao receber de uma criança um desenho como agradecimento por
ter salvo sua família, Cassie adota uma atitude de “o que eu vou fazer com
isso?” como se ela fosse completamente incapaz de entender o gesto do garoto.
Imagino que a situação é construída para mostrar Cassie como uma pessoa
solitária e isolada, mas mesmo alguém assim, pelo tempo que trabalha como
socorrista, já teria aprendido a lidar com essa situação de maneira menos
esquisita. É algo tão bizarro e Johnson age tão distante de um mínimo de
humanidade que parece que ela está atuando em algo escrito e dirigido pelo
Tommy Wiseau de <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2017/11/lixo-extraordinario-room.html" target="_blank">The Room</a> </i>(2003).</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Claro, ela não é a única cuja conduta não parece seguir
qualquer lógica. Depois de serem deixadas por Cassie no meio do mato, Julia,
Anya e Maddie decidem ir comer num restaurante de uma cidade próxima. A essa
altura as três sabem que Sims quer matá-las, as está rastreando e que seus
nomes e rostos saíram nos jornais, ainda assim o trio tem a brilhante ideia de
dançar em cima do balcão do restaurante ao som de Britney Spears porque, bem,
porque a trama precisava andar de algum modo e construir personagens
consistentes dá muito trabalho.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O vilão Ezekiel Sims não é nada mais do que um obstáculo
vazio, sendo reduzido a sua motivação de evitar a própria morte. Ouvimos o tempo todo ele dizer que não permitirá que as protagonistas ponham em risco tudo que ele construiu, mas o que é exatamente isso? Não sabemos, o filme nunca nos dá o que exatamente ele faz. </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A ideia de um
“Homem-Aranha do mal” perseguindo as heroínas devia ao menos fazer dele um
vilão dotado de alguma tensão, já que as habilidades do personagem tem
potencial para fazer dele um predador implacável. O problema é que as
personagem sempre fogem dele com relativa facilidade quando o encontram ao
invés de quase não conseguirem sobreviver, o que o torna um antagonista
patético. Eu ria alto cada vez que ele era facilmente atropelado ou
eletrocutado pelas heroínas, algo que claramente não era o efeito que o filme
pretendia causar em mim. A batalha final inclusive é prejudicada pela inserção
de uma marca de refrigerante que é citada com tão pouca sutileza que chega a
ser cômico.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Falando em Homem-Aranha é curioso como o filme faz um
esforço enorme para trazer elementos que remetem ao herói ao mesmo tempo em que
simultaneamente evita citá-lo diretamente como o diabo evita uma cruz. É o tipo
de coisa que você esperaria de uma produção pobre de uma produtora que não tem
os direitos do personagem, mas não de um estúdio bilionário dono da propriedade
intelectual em questão. Cassie e as garotas constantemente se referem a Sims
como “pessoa aranha” ou “cara que anda em paredes” como se o primeiro instinto
de alguém que vê um sujeito com esses poderes não fosse o de chamá-lo de “homem
aranha”. O uniforme usado por Sims parece uma daquelas fantasias genéricas
feitas por empresas que não querem pagar os direitos por um personagem e fazem
algo que soe parecido ainda que legalmente distinto.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O colega paramédico de Cassie, Ben (Adam Scott, da série <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2022/06/critica-ruptura-primeira-temporada.html" target="_blank">Ruptura</a></i>), é
obviamente uma versão jovem do tio Ben (a trama se passa em 2003) do
Homem-Aranha, tanto que a irmã dele, Mary (Emma Roberts), está grávida. A cena
em que Cassie vai ao chá de bebê de Mary apresenta um estranho jogo em que Mary
pede que as convidadas adivinhem o nome de seu filho, uma brincadeira que só
está ali para gerar expectativa que o nome Peter Parker seja dito, mas é tão
óbvio e tão forçado que soa ridículo ao invés de instigante.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Tecnicamente o filme também é bastante problemático. Boa
parte dos figurinos parece saído de uma série de televisão de baixíssimo
orçamento, com o uniforme do vilão parecendo uma fantasia falsificada de
Homem-Aranha que algum desavisado comprou pela internet e os figurinos do
mítico povo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">las aranañas </i>parecer com
trajes de sadomasoquismo. Sim, eu sei que esse filme foi feito com um orçamento
menor que filmes de heróis contemporâneos, tendo custado cerca de 80 milhões,
mas este também foi o orçamento de <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/02/critica-resistencia.html" target="_blank">Resistência</a>
</i>(2023), indicado ao Oscar de efeitos visuais e que de fato é visualmente
impressionante a despeito de seu baixo custo.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Além disso ele traz problemas técnicos que nenhuma produção
hollywoodiana, mesmo as de baixo orçamento deveriam apresentar, como vozes
dessincronizadas. Em algumas cenas do vilão é perceptível que os movimentos de
sua boca não condizem com o que está sendo dito, como se sua voz tivesse sido
redublada em pós produção. Se o estúdio decidiu mudar as falas do personagem <i style="mso-bidi-font-style: normal;">a posteriori</i>, porque não regravar as
cenas? Eles acharam que ninguém perceberia essa discrepância grosseira? Imagino
que a Sony tinha tão pouca fé nessa produção que preferiu deixar mal feito
mesmo a gastar mais dinheiro trazendo equipe e elenco de volta para
refilmagens, o que demonstra como esse filme não é nada mais do que um produto
cínico de estúdio.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Apesar dos personagens repetirem como é o destino de Julia,
Anya e Mattie se tornarem heroínas, nunca as vemos de fato ganhar poderes e as
imagens delas em uniforme nos trailers são de breves visões de Cassie, como que
inseridas no filme só para que pudessem constar nos trailers. Tudo isso é
empurrado para possíveis continuações porque hoje Hollywood não faz nenhum filme
se não for para extrair dezenas de continuações e derivados até ninguém
aguentar mais. Assim, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Madame Teia </i>soa
menos como um filme e mais como um trailer de duas horas para uma série de
filmes do “aranhaverso” que Sony espera desenvolver, mas que provavelmente
nunca verão a luz do dia dado o fracasso deste filme.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Incompetente, estúpido, cínico, sem sentido e em geral um
acinte contra o cinema <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Madame Teia </i>é
tão ruim que se torna hilário e isso é a única coisa que evita que essa
produção extremamente pedestre seja um tédio.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nota: 2/10<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trailer</p>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" src="https://www.youtube.com/embed/Me_vAhnJXGU?si=JTWP6aMZraFN5x6J" title="YouTube video player" width="560"></iframe>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-84410706806950255682024-03-25T09:21:00.002-03:002024-03-25T09:21:49.177-03:00Crítica – Final Fantasy VII Rebirth<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBZS4SMn-muyp8Y6FTSVPXA3vfVZ7VpdDhyphenhyphent0UkclwCsKIeV2CMz2vR0E6ZUldEbsOWsUr4V95Bp3dL1zxxnbIcBHVCCQE3aSzkIwEDixAERd65ft-exm1jGOBfjaLo9k8QjQjNWeZbPgQSl6XwOmJwOAg317cE3RCdaBYWy34cjO4iiou1kc8fUFv-VRs/s1600/final-fantasy-7-rebirth_9vXRKCV.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica – Final Fantasy VII Rebirth" border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBZS4SMn-muyp8Y6FTSVPXA3vfVZ7VpdDhyphenhyphent0UkclwCsKIeV2CMz2vR0E6ZUldEbsOWsUr4V95Bp3dL1zxxnbIcBHVCCQE3aSzkIwEDixAERd65ft-exm1jGOBfjaLo9k8QjQjNWeZbPgQSl6XwOmJwOAg317cE3RCdaBYWy34cjO4iiou1kc8fUFv-VRs/w640-h360/final-fantasy-7-rebirth_9vXRKCV.webp" title="Crítica – Final Fantasy VII Rebirth" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlR36w1MkqW3BUT_Zm4Z-EPV-Wn_kOWPsk39rEMg3ElV63OpDdv-xcaGgyz3cM6iO1wPT04awSQd9gt1ERywHVNqWcVeaABkvCItAgNLgQpyJtzgiRcoU5SaJEDx8W6bpg8cEdDGnR15cM5Yom7AVCIWFE5BxFkK2p8Q3qaS01j4un9R9HNm2oaAPj__4t/s1020/61U9l5fYQGL.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review – Final Fantasy VII Rebirth" border="0" data-original-height="1020" data-original-width="1020" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlR36w1MkqW3BUT_Zm4Z-EPV-Wn_kOWPsk39rEMg3ElV63OpDdv-xcaGgyz3cM6iO1wPT04awSQd9gt1ERywHVNqWcVeaABkvCItAgNLgQpyJtzgiRcoU5SaJEDx8W6bpg8cEdDGnR15cM5Yom7AVCIWFE5BxFkK2p8Q3qaS01j4un9R9HNm2oaAPj__4t/w320-h320/61U9l5fYQGL.jpg" title="Resenha Crítica – Final Fantasy VII Rebirth" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;">Depois que <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2020/04/critica-final-fantasy-vii-remake.html" target="_blank">Final Fantasy VII Remake</a></i> se mostrou um bom começo para a reimaginação do clássico
RPG para as gerações atuais, ficava a dúvida de como uma segunda parte lidaria
com os ambientes mais abertos do game após a linearidade do segmento em Midgar.
Outra dúvida também seria de quantas partes mais o remake teria. Felizmente <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Final Fantasy VII Rebirth</i> entrega tudo
que esperávamos, com mais exploração, minigames e personagens, além de
explicitar que esse será a segunda parte de uma trilogia que comporá o remake
do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Final Fantasy VII </i>original.</div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A trama segue no ponto em que o anterior parou, com Cloud e
seus aliados fugindo de Midgar e iniciando uma busca por Sephiroth. Ao longo do
caminho encontrarão as consequências das ações da Shinra extraindo a energia do
planeta, serão alvos do novo presidente da empresa, Rufus, e também lidarão com
seus próprios problemas pessoais.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Assim como o game anterior, ele é fiel às principais batidas
da trama ao mesmo tempo em que expande e recontextualiza vários elementos. Se
antes a ida a Gongaga, cidade natal de Zack, era opcional, agora é parte da
história. Missões secundárias ajudam a entender o sofrimento da população e
como é viver naquele universo ao mesmo tempo em que aprofundam as relações
entre os membros da equipe de protagonistas. Em geral os personagens tem mais
camadas e se tornam mais interessantes conforme o texto se abre para mais
interações com eles.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Por outro lado, o clímax, assim como aconteceu na primeira
parte, desmorona por conta de todas as presepadas de linhas do tempo e
universos paralelos que o jogo insere na sua narrativa para tentar justificar
as mudanças na narrativa. Como <a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2020/04/o-divisivo-final-de-final-fantasy-vii.html" target="_blank">falei em uma análise do final primeiro jogo,</a> tentar
explicar internamente porque as coisas são diferentes só torna tudo
desnecessariamente complicado. Aqui, especificamente, toda a coisa de mundos
paralelos só esvazia a morte de uma personagem importante, que se perde na
bagunça de multiverso. Algumas ideias, como a presença de Zack, acabam
acrescentando pouco, mostrando que toda essa maluquice de temporalidades
paralelas é mais um problema do que um benefício.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Se no primeiro game ficávamos em ambientes lineares, aqui
temos grandes continentes a descobrir. Não é um mundo aberto, mas um mapa
dividido em áreas amplas com muito a explorar. Sim, muitas atividades desse
mundo aberto são aquilo que se espera desse tipo de jogabilidade, com monstros
para caçar, torres para revelar locais de interesse e tesouros a coletar. Ainda
assim fazer tudo isso raramente se torna entediante por conta de que tudo nos
faz aprender mais sobre esse mundo, os personagens que nele habitam, além de
obter recursos para nossa equipe.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Os produtores dizem ter se inspirado em <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2016/06/critica-witcher-3-blood-and-wine.html" target="_blank">The Witcher 3: Wild Hunt</a></i> para a construção de suas missões
secundárias e esse esforço é visível no jogo, já que elas sempre trazem
histórias interessantes sobre esse universo e nos mostram as dificuldades
daquele mundo à beira de um cataclisma. Algumas até me colocam para interagir
com personagens que eu não esperaria receberem tanta atenção, como o momento em
que reencontrei o dono da estalagem de Kalm em uma missão na área de Nibelheim,
descobrindo o trágico destino do ex-militar. O jogo também apresenta uma grande
variedade de minigames, desde os já conhecidos como aqueles da Gold Saucer, a
alguns novos como as batalhas de robôs em Cosmo Canyon ou o dos Cactuars em
Corel. A maioria é bem divertida, com o minigame de furtividade para capturar o
chocobo de cada região sendo um dos pontos negativos.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Os mapas impressionam não apenas pelo escopo e amplitude,
como também pela variedade de biomas e possibilidades diferentes de exploração.
Da selva de Gongaga, passando pelo deserto de Corel ou pelas montanhas de Cosmo
Canyon, cada local tem uma identidade própria e maneiras bem particulares de se
locomover, mantendo o frescor da descoberta e da exploração, algo importante
considerando que fazer tudo que o jogo tem a oferecer provavelmente vai tomar
cerca de cem horas (eu mesmo levei quase noventa).</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O combate usa a base do jogo anterior, com batalhas em tempo
real no qual ataques comuns enchiam a barra de ação para a execução de magias
ou golpes especiais. Esse elementos são ampliados com a adição de um botão de
esquiva, dando outras opções defensivas além de bloquear, e das ações em dupla.
Essas ações variam de habilidades que podem ser usadas livremente, como Tifa
pedindo a um aliado para arremessá-la para o alto de modo a alcançar inimigos
voadores, a grandes ataques especiais que precisam de alguns segmentos da barra
de ação.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Assim os componentes de sua equipe importam não apenas pelo
que eles individualmente trazem, mas também suas interações com os demais
membros, abrindo bastante espaço para experimentação e construção de diferentes
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">builds</i> de grupos. O combate ainda se
beneficia da variedade de personagens, com cada um soando completamente
distinto do outro e tendo sua própria forma de jogar. Barret mantem a pressão
nos inimigos com sua arma de fogo acoplada no braço, enquanto Red XIII foca em
contra-ataques devastadores ou Cait Sith tem habilidades que manipulam a sorte
no campo de batalha. Se no game original de 1997 tinham alguns personagens que
eu não tinha muito interesse em jogar, como Yuffie ou Cait, aqui eu me envolvi
com cada um deles por conta da singularidade que cada combatente traz para as
lutas.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trocar de personagem durante o combate envolve saber
explorar a potencialidade de cada um e contribui para batalhas que são
simultaneamente dinâmicas e estratégicas. Em especial contra chefes e alguns
inimigos exóticos encontrados no mapa, que realmente exigem que exploremos suas
fraquezas e aprendamos seus padrões para derrotá-los, testando nossa habilidade
e conhecimento das mecânicas.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Refinando todos os elementos da primeira parte <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Final Fantasy VII Rebirth</i> oferece
excelente combate e exploração, elevado por personagens carismáticos e um mundo
singular a explorar, ainda que sua bagunça multiversal prejudique o desfecho e
uma das principais reviravoltas do game.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nota: 9/10<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trailer</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" src="https://www.youtube.com/embed/KOhs9ZLImgE?si=GsBms-f1L-RL9w-5" title="YouTube video player" width="560"></iframe>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-62731827499232269382024-03-22T09:35:00.000-03:002024-03-22T09:35:00.015-03:00Crítica – Not Dead<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhI0nNZPPGubRzlqsi72tfTTnE2iUAqXTmqczbRoYEb_CHCXtIM7gX55dcH2JcLE9AoTgCdpv1hXKApruMzqpKXyCVZW3fAZJCnNXzjsyWwwn8YWc4JrvCRCQh953J-qNacoPOygJ-qdm7s0P3rYjzqAvADi2mIN1HE5vi9kSeBb11g1k6d7i-X2zA9vLKG/s750/notdead1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Resenha Crítica – Not Dead" border="0" data-original-height="440" data-original-width="750" height="376" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhI0nNZPPGubRzlqsi72tfTTnE2iUAqXTmqczbRoYEb_CHCXtIM7gX55dcH2JcLE9AoTgCdpv1hXKApruMzqpKXyCVZW3fAZJCnNXzjsyWwwn8YWc4JrvCRCQh953J-qNacoPOygJ-qdm7s0P3rYjzqAvADi2mIN1HE5vi9kSeBb11g1k6d7i-X2zA9vLKG/w640-h376/notdead1.jpg" title="Crítica – Not Dead" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvtOjtIAqEup7ZayjKLxRmgxzAf9cge6Cjj169e8k_xz3gDE9LUGHibSGbMNTDuYf6PDIvmPoj9kXdp3FMmsQWNRwuH08ndL2qIJaUzVIf1X6Cxfb8Fve7PZ9u-yLJZ3RS8WpLjwKjzWXBaoXaIOKqWGBdWFO0FUyhoboiCNMZuTqzBCvHEjgIYyztcbv0/s260/download.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review – Not Dead" border="0" data-original-height="260" data-original-width="194" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvtOjtIAqEup7ZayjKLxRmgxzAf9cge6Cjj169e8k_xz3gDE9LUGHibSGbMNTDuYf6PDIvmPoj9kXdp3FMmsQWNRwuH08ndL2qIJaUzVIf1X6Cxfb8Fve7PZ9u-yLJZ3RS8WpLjwKjzWXBaoXaIOKqWGBdWFO0FUyhoboiCNMZuTqzBCvHEjgIYyztcbv0/s16000/download.jpg" title="Resenha Crítica – Not Dead" /></a></div>Quando falamos em música em Salvador normalmente pensamos em
axé music, mas o cenário musical da cidade é muito mais diverso que isso e o
documentário <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Not Dead</i> visa falar de
uma das formas musicais que teve (e tem) uma presença na cidade que é o punk
rock. Como alguém que viveu praticamente a vida toda em Salvador, achei
interessante conhecer um aspecto da vida cultural da cidade que é pouco falado
e pouco visto nas representações midiáticas.<p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O filme segue um grupo de pessoas influentes no surgimento
da cena punk em Salvador nos anos 80, contando sobre a criação da loja Not
Dead, que vendia roupas e mercadorias com estética punk e servia como um espaço
para congregar a cultura punk em Salvador. A partir disso ele nos mostra como
está a cena punk hoje, as bandas que surgiram naquela época que ainda estão
ativas e como a ideologia punk transformou a vida dos envolvidos mesmo aqueles
que não seguem diretamente engajados na cena punk soteropolitana hoje.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É um registro importante mostrar esse nicho cultural que
pouco é conhecido e resgatar a memória de um dos principais locais de encontro
desse grupo. Nas conversas com os personagens eles falam a respeito de como o
contato com esse modo de pensar ajudou na sua formação política, na construção
de uma consciência de classe e de uma atitude proativa que levaram para o resto
da vida. Em paralelo, o filme acompanha Ed, um homem cego e uma das figuras
importantes da cena punk que ajuda no roteiro de audiodescrição do filme. Esses
segmentos não necessariamente se conectam diretamente com a temática principal
da produção, mas trazem visibilidade para um aspecto pouco discutido do
audiovisual e das técnicas de acessibilidade disponíveis hoje.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O documentário se estrutura em entrevistas e imagens de
shows contemporâneos da cena punk de Salvador, adotando uma estrutura bem
típica de documentários sobre música. Considerando a temática, é uma pena que a
produção não tente incorporar o punk também em sua forma e não apenas no
conteúdo. São poucos os momentos em que a estética do filme se permite sair do
convencional para demonstrar essa atitude punk. Um exemplo é a cena em que um
dos personagens fala sobre a dificuldade de vencer o sistema, ouvimos uma voz
atrás das câmeras gritar “corta!” e o sujeito filmado responde “você pode
cortar, mas eu vou continuar falando”. Trazer mais dessas “impurezas” e
“fissuras” da imagem documental ajudaria a sair um pouco do formato
convencional no qual a produção se estrutura.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Senti também falta do uso de arquivo, principalmente quando
os personagens falam do passado. Conforme os sujeitos filmados narravam os
eventos de música punk ou a atmosfera da loja Not Dead fiquei curioso em ver
como eram esses espaços e a dinâmica desses eventos ou os fanzines produzidos
pelas pessoas. Infelizmente a produção não traz qualquer fotografia ou filmagem
desse passado narrado. Claro, é possível que não tivesse arquivo disponível,
mas nesse caso seria importante comunicar isso ao espectador, afinal a ausência
de preservação de memória também diz muito sobre uma determinada vivência.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ainda assim, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Not Dead </i>vale
a experiência por resgatar um aspecto da vida cultural de Salvador que é pouco
conhecido, dando visibilidade a esse nicho cultural e também lembrando da
importância da cultura e visão política do movimento punk.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Esse texto faz parte de nossa cobertura do XIX Panorama
Internacional Coisa de Cinema.<o:p></o:p></p>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-84656016554257594062024-03-21T09:31:00.005-03:002024-03-21T09:38:51.691-03:00Crítica – A Flor do Buriti<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVWQ8yQnwXebkQIs2Mgf5THIValXL1VVl9CosQcuBQO5SFYcVIaUPXJQGfHwsre39P2i1rrdXRg2hyz-oOE20lClMWnvQOpdQFTAmjRxsvoSzLCL6H8GXKi7WhuxZSKuGb6JZCiWjXhPKnNAVFt_E3_hZc9iXXildGAUGPM-Ts8GPdsjz5NoAJ5n9syb4G/s2560/Visuel-1-c-Karo-Filmes-Entre-Filmes-scaled.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica – A Flor do Buriti" border="0" data-original-height="1598" data-original-width="2560" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVWQ8yQnwXebkQIs2Mgf5THIValXL1VVl9CosQcuBQO5SFYcVIaUPXJQGfHwsre39P2i1rrdXRg2hyz-oOE20lClMWnvQOpdQFTAmjRxsvoSzLCL6H8GXKi7WhuxZSKuGb6JZCiWjXhPKnNAVFt_E3_hZc9iXXildGAUGPM-Ts8GPdsjz5NoAJ5n9syb4G/w640-h400/Visuel-1-c-Karo-Filmes-Entre-Filmes-scaled.jpg" title="Crítica – A Flor do Buriti" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhD93AiNh9JobPZiZrX8A-7sjRorr1WIc71GGUDaJWaIHh4LFwk8ampHWjxRj3F4DE5s-O83SMlycTvYpIWPCsmKKn61ayYfigyTb-HpuwgO0QH5oWYv2Zkw6_bkcU92XDAKCAAVMJvKZL7okTUtq-8vFnmPEXHuhGs7ud2FInlbbCCcZnOTHrQbbRunGHl/s450/5534824.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review – A Flor do Buriti" border="0" data-original-height="450" data-original-width="300" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhD93AiNh9JobPZiZrX8A-7sjRorr1WIc71GGUDaJWaIHh4LFwk8ampHWjxRj3F4DE5s-O83SMlycTvYpIWPCsmKKn61ayYfigyTb-HpuwgO0QH5oWYv2Zkw6_bkcU92XDAKCAAVMJvKZL7okTUtq-8vFnmPEXHuhGs7ud2FInlbbCCcZnOTHrQbbRunGHl/w213-h320/5534824.jpg" title="Resenha Crítica – A Flor do Buriti" width="213" /></a></div><div style="text-align: justify;">Depois de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Chuva é
Cantoria na Aldeia dos Mortos </i>(2018) os diretores João Salaviza e Renée
Nader Messora voltam a falar sobre a população indígena Krahô no interior do
Tocantins. Em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Flor do Buriti</i> os
realizadores focam em narrar a história de luta pela terra dessa população e
como eles resistiram a múltiplos massacres.</div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A narrativa vai da década de 1940 aos dias atuais, mas sem
seguir uma cronologia, acompanhando a população da Aldeia Pedra Branca no
presente e se deslocando no tempo conforme eles contam as histórias do passado
ou seus espíritos entram em contato com ancestrais no passado, misturando cenas
encenadas e personagens reais para narrar como a opressão aos indígenas sempre
foi uma constante em suas vidas.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Se filmes como <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2016/11/critica-martirio.html" target="_blank">Martírio</a></i>
(2016) mostram anos de descaso ou políticas questionáveis da parte do Estado
brasileiro, aqui essas décadas de descaso e perseguição são apresentadas do
ponto de vista dos próprios indígenas, narrado, inclusive em sua própria
língua. O fato dos Krahô falarem seu em sua língua é uma escolha estética e
política, permite que eles se coloquem em seus próprios termos, com seu
vernáculo e com toda a construção subjetiva e visão de mundo imbricada na
própria língua.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A decisão de se mover entre passado e presente ajuda a
percebermos como lamentavelmente muito pouco mudou na situação da população
indígena nos últimos oitenta anos, com eles ainda tendo que lidar com as
ameaças e saques dos brancos (há uma cena em que eles pegam um sujeito tentado
sair do território com uma arara escondida na mochila), com políticas
ineficientes ou com o descaso e até cumplicidade das autoridades. O passado se
faz presente o tempo todo para os Krahô e eles fazem questão de manter essa
memória viva para poderem lutar por mudanças.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O filme, porém, não restringe a vida dessas pessoas ao
contexto de opressão que se impõe a eles. Acompanhamos também o cotidiano da
aldeia principalmente sob o ponto de vista das mulheres e como elas trabalham a
terra, cuidam dos filhos ou ajudam a proteger a região. As cenas do cotidiano
nos ajudam a sentir o forte senso de comunidade que há naquele local, em que
todas as decisões são tomadas visando a coletividade. É um espaço em que todos
ajudam a cuidar de todos e que ninguém tira da terra além do necessário,
mostrando a conexão que a população tem com o espaço e como ele é parte
fundamental de sua identidade.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Essa conexão com a terra de origem é evidenciada quando uma
personagem viaja a Brasília para um ato político e diz que não conseguiu sonhar
desde que chegou na cidade, como se a distância de sua terra também a
distanciasse ou turvasse sua conexão com esse espaço metafisico e espiritual. O
final contrapõe cenas de manifestações em Brasília com cenas do parto de uma
mulher indígena na aldeia. A junção dessas imagens funciona como um lembrete de
que é pelos filhos e pelo futuro que esses povos lutam e que essa luta
continuará por todas as gerações que chegarem.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Flor do Buriti</i>,
portanto, informa o presente e resgata o passado dos Krahô para mostrar os
padrões de opressão e a força da resistência desse povo.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Esse texto faz parte de nossa cobertura do XIX Panorama
Internacional Coisa de Cinema.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trailer</p> <iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" src="https://www.youtube.com/embed/MbvaeCtXEco?si=ePiOPz7mcHnCKWVT" title="YouTube video player" width="560"></iframe>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-11005519679938705702024-03-20T10:41:00.004-03:002024-03-20T10:41:43.217-03:00Crítica – Ecos do Silêncio<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqzSn7yj5KKtB1hd0y2CAQIkeCNrizagSaVmF7Qvci8L8eGjUMMCWnU9U3pXKfixH02ZexqBQgLJWZnb_4SmaXMpGMnMJWUVwBJtvjiXUZE1WbGlwF-bKSQwhW3mLEJugEHZUefjWM_WxxXEEJI5XTf-jfEWQ0eq_74bzho6_yB9Xcr79MCM4kE64CDr-2/s1920/CBS_sessao_3_cinema_sonho.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica – Ecos do Silêncio" border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1920" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqzSn7yj5KKtB1hd0y2CAQIkeCNrizagSaVmF7Qvci8L8eGjUMMCWnU9U3pXKfixH02ZexqBQgLJWZnb_4SmaXMpGMnMJWUVwBJtvjiXUZE1WbGlwF-bKSQwhW3mLEJugEHZUefjWM_WxxXEEJI5XTf-jfEWQ0eq_74bzho6_yB9Xcr79MCM4kE64CDr-2/w640-h360/CBS_sessao_3_cinema_sonho.jpg" title="Crítica – Ecos do Silêncio" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKrMMCk16yuY_pfEtGD4W02JXikdUmRj-rRZxLHtu4IYBYXWlWM4hDj-blfy4qQQ7UdnuEjO9Zh7GusXjaHppXEwFPMZAAew7BIin1f6U1B0Wl3Z6hUSPyYd5lnREUc8VOWxNDYO2RdTlXaYQRh2YsnAatgCR0Um8F6ZuP7SUPQRy6wkY557XyVF7v96XF/s1000/img-0913_131220235136.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review – Ecos do Silêncio" border="0" data-original-height="1000" data-original-width="668" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKrMMCk16yuY_pfEtGD4W02JXikdUmRj-rRZxLHtu4IYBYXWlWM4hDj-blfy4qQQ7UdnuEjO9Zh7GusXjaHppXEwFPMZAAew7BIin1f6U1B0Wl3Z6hUSPyYd5lnREUc8VOWxNDYO2RdTlXaYQRh2YsnAatgCR0Um8F6ZuP7SUPQRy6wkY557XyVF7v96XF/w214-h320/img-0913_131220235136.jpeg" title="Resenha Crítica – Ecos do Silêncio" width="214" /></a></div>Protagonizado por Thalles Cabral (o Nem de <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/03/critica-as-five-terceira-temporada.html" target="_blank">As Five</a></i>) <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ecos do Silêncio</i> é um filme sobre errância, sobre se perder, se
encontrar e tentar dar algum sentido ao caos da nossa existência. Infelizmente
a produção nem sempre alcança as pretensões temáticas que se propõe a discutir.<p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A narrativa é centrada em Davi (Thalles Cabral), que viaja
para a Argentina para estudar musicoterapia na esperança de poder ajudar o
irmão que tem autismo severo. De lá ele parte para a Índia em uma jornada espiritual
e acaba confrontando sua relação com a família e os traumas que o moveram até
então.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O filme se move entre o presente de Davi, memórias de seu
passado e ocasionais <i style="mso-bidi-font-style: normal;">flashfowards</i> de
sua jornada na Índia. A impressão é que o filme tenta nos mergulhar no fluxo de
consciência do personagem, mostrando como o passado materializa seu presente e
informa o seu futuro, bem como nos faz sentir a conexão metafísica que o
protagonista diz sentir em relação ao irmão.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Thalles Cabral é eficiente em transmitir a natureza inquieta
e carregada de anseios de Davi. É alguém que sente o desejo profundo de se
conectar a algo que acalme seus sentimentos e lhe traga algum sentimento de
paz, lhe impelindo a se jogar por inteiro a qualquer envolvimento que pareça
lhe oferecer esse alento, seja o envolvimento amoroso com a amiga da família
que o hospeda na Argentina, seja sua tentativa de aprender cânticos religiosos
hindus ou o estudo de musicoterapia.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A questão é que nem sempre as transformações e guinadas do
personagem são construídas de maneira convincente. Ele está decidido a se
tornar musicoterapeuta até que uma aula com uma professora explicando o quanto
é bem mais complexo do que ser apenas músico é suficiente para que ele tenha
certeza de a profissão não é para ele. O mesmo acontece com sua decisão de
parar de aprender cânticos hindus, que soa súbita e não devidamente construída.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As reviravoltas que a trama insere sobre a família de Davi e
os irmãos acrescenta novas informações sobre ele, mas não necessariamente ampliam
ou aprofundam seu conflito emocional. A bricolagem que o texto faz com medicina,
psicologia e espiritualidade também nunca é costurada em um todo que soe coeso.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Assim, apesar de um começo promissor e de uma estrutura
eficiente em nos deixar imersos na consciência de seu personagem, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ecos do Silêncio</i> não consegue amarrar
todas as suas ideias de um modo que consiga causar o impacto da epifania
proposta.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Esse texto faz parte de nossa cobertura do XIX Panorama
Internacional Coisa de Cinema.<o:p></o:p></p>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-37846014156420386622024-03-19T10:45:00.003-03:002024-03-19T10:45:26.356-03:00Crítica – A Batalha da Rua Maria Antônia<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-xYpaZhIC5IBfPxCZTuyVHGrmbn_TrszL2i0ATvrnbeU7ghdvKQP7E2VQ86ASfiXDOa5nrwEVQs7YlGy-mmXnL_ANhdNb7wzJN7pY4UNNMFKhMiGf_4ZBlg328sSHLdgKsLv7Zqic6QdzSP3w2Lo3cL6a0pGhZz4h-tZXLR0Qzy1_45kZMxBHLvFCM09w/s770/abatalh_f01cor_2023111974.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica – A Batalha da Rua Maria Antônia" border="0" data-original-height="514" data-original-width="770" height="428" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-xYpaZhIC5IBfPxCZTuyVHGrmbn_TrszL2i0ATvrnbeU7ghdvKQP7E2VQ86ASfiXDOa5nrwEVQs7YlGy-mmXnL_ANhdNb7wzJN7pY4UNNMFKhMiGf_4ZBlg328sSHLdgKsLv7Zqic6QdzSP3w2Lo3cL6a0pGhZz4h-tZXLR0Qzy1_45kZMxBHLvFCM09w/w640-h428/abatalh_f01cor_2023111974.jpg" title="Crítica – A Batalha da Rua Maria Antônia" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqQ20DmQNWmZDcCQhs9dnUJfUvWXfaFYXUY06wzNamVqs_ycSYq1migr-PidZmwikmRwg_3lBJa98P1L2QytO0WDRkuMkdHQIhM5xnoQBpflUgyiKzbC76K0Sfdd8hT8KW-QIf2kqzgi-Df60huwar1UsAXRz2RSKrYx0nlxs21XI0tyr6CZ3miRv2hOYL/s408/0631526.webp" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review – A Batalha da Rua Maria Antônia" border="0" data-original-height="408" data-original-width="300" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqQ20DmQNWmZDcCQhs9dnUJfUvWXfaFYXUY06wzNamVqs_ycSYq1migr-PidZmwikmRwg_3lBJa98P1L2QytO0WDRkuMkdHQIhM5xnoQBpflUgyiKzbC76K0Sfdd8hT8KW-QIf2kqzgi-Df60huwar1UsAXRz2RSKrYx0nlxs21XI0tyr6CZ3miRv2hOYL/w235-h320/0631526.webp" title="Resenha Crítica – A Batalha da Rua Maria Antônia" width="235" /></a></div><div style="text-align: justify;">Apesar do golpe militar de 1964 ter acontecido há sessenta
anos e o Brasil ter se redemocratizado em 1988, ainda existem muitos fatos e
eventos do período da ditadura que não são conhecidos pelo grande público.
Embora certamente deva ser algo conhecido em São Paulo, os eventos narrados em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Batalha da Rua Maria Antônia</i> não são o
tipo de coisa que vemos nos livros de história (pelo menos não na minha época
de colégio), mas são importantes para compreender como funcionava a violenta
repressão do governo do período.</div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A narrativa se passa ao longo de um dia em outubro de 1968
durante a ocupação da Faculdade de Filosofia da USP pelo movimento estudantil e
os confrontos dos estudantes com alunos da Mackenzie e de instituições
repressoras. O filme se divide em 21 cenas, todas construídas como
planos-sequência, para narrar o aumento das tensões e eventual invasão do
prédio da USP pela polícia. No centro disso tudo está Lilian (Pâmela Germano),
uma estudante de filosofia que não está envolvida diretamente com o movimento
estudantil, mas decide ficar na ocupação para ajudar a amiga Ângela (Isamara
Castilho) na esperança de conversar com ela e entender porque Ângela tem se
afastado apesar das duas serem amigas de infância.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Todo filmado em película 16mm e fotografado em preto e
branco, as imagens do filmes, somadas à decisão de construir as cenas como
planos-sequência conferem um caráter de arquivo, como se estivéssemos diante de
uma filmagem da época ou da memória de alguém sendo plasmada na tela. A
estrutura sem cortes de cada cena confere energia e um senso de tensão
crescente à trama conforme acompanhamos os múltiplos envolvidos na ocupação
tentando encontrar uma maneira de lidar com a situação.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É uma construção complexa de encenação, com dezenas de
figurantes em cena e muita coisa em movimento o tempo todo, coisas pegando fogo
e brigas acontecendo ao fundo em alguns momentos. A logística de tudo isso
certamente não deve ter sido fácil de gerir, mas vale a pena pela imersão que o
resultado final confere, fazendo o espectador sentir como se estivesse
transitando em meio a todo aquele caos.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O filme evita fazer retratos unidimensionais dos envolvidos
no movimento estudantil, sempre tentando conferir diferentes camadas a esses
personagens. De Lilian, que parece não se importar tanto assim com política e
se envolve na situação por motivos pessoais, passando pelo líder estudantil
Benjamin (Caio Horowicz) que é pragmático e bem intencionado, mas demonstra uma
faceta ególatra, machista e preconceituosa quando contrariado. Isso ajuda a
entender que o movimento estudantil não era algo monolítico e sim composto por
vários interesses e visões de mundo. Os poucos momentos de respiro que a trama
encontra em meio a toda a tensão servem para nos mostrar eles diferentes lados
os personagens e o clima geral durante a ocupação, como na cena em que uma
estudante toca <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Roda Viva</i> ao violão.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Por outro lado, as vezes sinto que a trama está tão presa ao
momento que falta uma contextualização para algumas coisas que estamos vendo.
Se você já não tem conhecimento prévio da história, não há clareza do que
exatamente estava em jogo na eleição que a UNE estava realizando ou que a
batalha foi um dos eventos que fez a ditadura endurecer sua repressão
instituindo o AI-5.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Claro, isso é um problema menor em uma produção tão
eficiente em transmitir a energia e urgência do fato histórico narrado,
funcionando como um importante lembrete de como não podemos cruzar os braços
diante do autoritarismo e de como nunca passamos realmente a limpo o período da
ditadura militar.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Esse texto faz parte de nossa cobertura do XIX Panorama
Internacional Coisa de Cinema.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trailer</p><iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/zfNQEb9Hg7s?si=TDbjJ3GUyt9AWnW3" title="YouTube video player" width="560"></iframe>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-55235659563373154842024-03-18T12:33:00.002-03:002024-03-18T12:33:26.783-03:00Crítica – Estranho Caminho<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmvGRS4-28lABaqSgFqESAZFbW7rR_ByGs62bVpTqXGI-JzcycoSWDUmNW-8EnvFT76MB7HDY5_lDS7zHAMytFiuY08o9JTD-wsljdcpzqE8vU4icZ68xnnl9MpB8UHzaVtSz6xUUu9U5COmc0j4hlSwStxlvZUYBDNxVsv6_HMpGaEpOQUg3KnKxh6PjR/s770/estranho_f03cor_2023111618.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica – Estranho Caminho" border="0" data-original-height="434" data-original-width="770" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmvGRS4-28lABaqSgFqESAZFbW7rR_ByGs62bVpTqXGI-JzcycoSWDUmNW-8EnvFT76MB7HDY5_lDS7zHAMytFiuY08o9JTD-wsljdcpzqE8vU4icZ68xnnl9MpB8UHzaVtSz6xUUu9U5COmc0j4hlSwStxlvZUYBDNxVsv6_HMpGaEpOQUg3KnKxh6PjR/w640-h360/estranho_f03cor_2023111618.jpg" title="Crítica – Estranho Caminho" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLNMvhhyphenhyphenwP4LQDCD3Fwa4UEZN5cPlNXKjryHvqsV1igIAuQShJSoeGWkiwA20E-EaHv6PxdhZTFWDkx9N6LQkZ3eTyHAQexavsZdYMHl5dorc1gYTz6K5hJjSZf07EdExlHlH9RQmp10wTibBjnZNE-ytAurs1Oe6D2Un9L3ZUlkFOcn0UiVyTOvfkxwWk/s1483/0474754.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review – Estranho Caminho" border="0" data-original-height="1483" data-original-width="1000" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLNMvhhyphenhyphenwP4LQDCD3Fwa4UEZN5cPlNXKjryHvqsV1igIAuQShJSoeGWkiwA20E-EaHv6PxdhZTFWDkx9N6LQkZ3eTyHAQexavsZdYMHl5dorc1gYTz6K5hJjSZf07EdExlHlH9RQmp10wTibBjnZNE-ytAurs1Oe6D2Un9L3ZUlkFOcn0UiVyTOvfkxwWk/w216-h320/0474754.jpg" title="Resenha Crítica – Estranho Caminho" width="216" /></a></div><div style="text-align: justify;">Dirigido por Guto Parente, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Estranho Caminho </i>parece ser sobre a experiência da pandemia de
Covid-19. Inicialmente temi que, como muitos filmes brasileiros recentes, a
urgência de tratar uma crise contemporânea deixasse a produção tão presa a esse
contexto que não comunicasse nada fora dele. Felizmente não é o caso e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Estranho Caminho</i>, na verdade, acaba
sendo mais sobre nossa relação com a morte, usando a pandemia apenas como um
pano de fundo sobre esses temas.</div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A trama é focada em David (Lucas Limeira), um jovem cineasta
brasileiro radicado em Portugal que volta para sua cidade natal para apresentar
seu longa em um festival de cinema. Quando a pandemia estoura e o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lockdown</i> é decretado no Brasil ele fica
sem ter como voltar para Portugal e sem hospedagem na cidade. Sem opção, ele
tenta entrar em contato com o pai, Geraldo (Carlos Francisco, do excelente <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2022/08/critica-marte-um.html" target="_blank">Marte Um</a></i>), com quem não fala há anos.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A produção constrói a jornada de David ao redor de um clima
de surrealismo e estranhamento. As paisagens urbanas completamente deserta
pelas quais David transita evocam algo de macabro, principalmente à noite
quando a fotografia usa muitos contrastes entre luz e sombra. Por outro lado,
as interações que ele tem com muitos personagens são investidas de um humor
bizarro, como se os indivíduos ao redor de David não seguissem o mínimo de
conduta humana básica. Toda a conversa de David com uma escrivã da Polícia
Civil conforme ele tenta denunciar o roubo de seu celular. As perguntas que a
policial faz soam como se ela estivesse em uma realidade completamente
diferente da de David.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">De certa forma isso evoca o estranhamento dos momentos
iniciais da pandemia, quando nosso cotidiano mudou radicalmente da noite para o
dia e não parecíamos mais estar vivendo em nosso mundo e sim em uma realidade
paralela. Esse misto de tensão, desconforto e estranhamento também está
presente na relação de David com o pai. Como falei no início, o filme é menos
sobre a pandemia e mais sobre como o protagonista se relaciona com outros
elementos ao seu redor, principalmente o pai, com o contexto da pandemia
servindo de estopim para tudo isso.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Sem falar com o pai, Geraldo, há anos, as conversas entre
eles são constantemente desconexas, com o respondendo a David de maneira vaga,
tratando-o como um estranho e impondo ao filho suas várias manias. Há um certo
humor no modo como Geraldo age como um homem idoso e solitário que se acostumou
a viver de um certo modo, desenvolvendo várias manias e tendo seu cotidiano
perturbado por essa pessoa estranha que é o filho. Logicamente existe também
uma tensão de David querer se aproximar desse pai que nunca esteve presente e
esse pai parece fazer questão de se manter distante.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Há uma reviravolta no terço final da produção que leva a
trama a caminhos inesperados e te faz pensar, como, em retrospecto, a narrativa
estava dando vários indícios desse desdobramento. A reviravolta obriga David a
tomar conhecimento de elementos desconhecidos da vida do pai, a se reaproximar
dele mesmo em sua ausência pelos vestígios que ele deixou, sejam os livros de
autoajuda que escreveu, seja nas falas das pessoas que conviveram com ele.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É uma análise complexa, com humor, absurdo, tensão e
emotividade, sobre como lidamos com as ausências de pessoas importantes em
nossas vidas e o caminho tortuoso que precisamos tomar para ficar em paz com isso.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Esse texto faz parte de nossa cobertura do XIX Panorama
Internacional Coisa de Cinema.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trailer</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/9cQmynhKhU4?si=qHuWBRa7E80we-R0" title="YouTube video player" width="560"></iframe>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-2777413063976184132024-03-17T11:02:00.001-03:002024-03-17T11:02:03.564-03:00Crítica – Sem Coração<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIePMexucTxoAQNsi212yPziwLkOev5ZHVH6VC3toia0c885dli7Bwkiy_9pYsGnaUEhiSShM-JMkitihF4kaAMRQCDA7WsNMrON6I8UZrenpgWQMCdqsmG8XJbcqn8bKwn4mZ5QrElxyE5rDy0J7sqbk9xpFTg2odw545eEV6y4WWTTHjsKC27ns7hruR/s970/critica-sem-cora%C3%A7%C3%A3o.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica – Sem Coração" border="0" data-original-height="647" data-original-width="970" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIePMexucTxoAQNsi212yPziwLkOev5ZHVH6VC3toia0c885dli7Bwkiy_9pYsGnaUEhiSShM-JMkitihF4kaAMRQCDA7WsNMrON6I8UZrenpgWQMCdqsmG8XJbcqn8bKwn4mZ5QrElxyE5rDy0J7sqbk9xpFTg2odw545eEV6y4WWTTHjsKC27ns7hruR/w640-h426/critica-sem-cora%C3%A7%C3%A3o.jpg" title="Crítica – Sem Coração" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh51v93gT2aaiHkgVb3LfkllXFx5pYTIeoO7Tn5EeexAbqad4Fvp5jVXQ8YO0-Jh8n5_9YBLQN1xu8tqpzP3GqH4PoIcdaOU2oRTzJBX_4-i1ssxGMotv-1D7xxdFp29jQOLDgz1z1ueS0FRyh7pEo95NmhbKme_F_CbQPWvI-bhuTqIOTbxCzov5Alm9So/s370/5281429.png-c_310_420_x-f_jpg-q_x-xxyxx.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review – Sem Coração" border="0" data-original-height="370" data-original-width="273" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh51v93gT2aaiHkgVb3LfkllXFx5pYTIeoO7Tn5EeexAbqad4Fvp5jVXQ8YO0-Jh8n5_9YBLQN1xu8tqpzP3GqH4PoIcdaOU2oRTzJBX_4-i1ssxGMotv-1D7xxdFp29jQOLDgz1z1ueS0FRyh7pEo95NmhbKme_F_CbQPWvI-bhuTqIOTbxCzov5Alm9So/w236-h320/5281429.png-c_310_420_x-f_jpg-q_x-xxyxx.jpg" title="Resenha Crítica – Sem Coração" width="236" /></a></div><div style="text-align: justify;">Certos filmes te prendem não pela sua trama em si, mas pelo
modo como apresentam essa trama. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sem
Coração </i>é um desses casos. Dirigido por Nara Normande e Tião, com um
roteiro levemente baseado na juventude de Normande, a produção conta uma típica
história de amadurecimento, despertar afetivo e perda de inocência. É um tipo
de narrativa que já vimos aos montes, mas, ainda assim, conquista pela
sensibilidade na construção dos arcos de seus personagens.</div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A narrativa se passa durante o verão de 1996 na região
litorânea de Alagoas. Tamara (Maya de Vicq) está para ir para a faculdade em
Brasília, então aproveita seu último verão com os amigos. Eles passam os dias
na praia, em festas e entrando em imóveis vazios ou abandonados no lugar. Tamara
acaba voltando a sua atenção para uma garota que seus amigos chamam de Sem
Coração (Eduarda Samara) e que se mantem distante do resto da juventude do
local. Tamara decide então se aproximar da garota.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Há uma química intensa entre o elenco jovem que compõe a
rede de amigos de Tamara, convencendo de que são garotos que se conhecem há
muito tempo e que andam juntos há anos. Essa rede de afeto se torna importante
conforme esses jovens vão lidando com descobertas de sexualidade ou com as
consequências de atos irresponsáveis. Nesse sentido, a trama é eficiente em dar
arcos para os vários amigos da protagonista. Um exemplo é Galego (Alaylson
Emanuel) que inicialmente parece do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">bad
boy</i> do local, mas que mostra um lado mais sensível, como na cena em que ele
cuida das plantas do pai de Tamara. Posteriormente aprendemos como sua
autoconfiança e conduta “gângster” funciona como uma fachada para sua
insegurança fruto, entre outras coisas, de uma relação ruim com um pai
violento.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Atentar para as violências ao seu redor é parte do arco de
Tamara, que vai percebendo como questões de gênero, raça e classe impõem
consequências violentas para muitos de seus amigos. São temas que o filme lida
com muita sensibilidade, evitando didatismos ou exposições muito explícitas, confiando
que o espectador perceba as desigualdades e preconceitos em jogo sem parar para
palestrar para a audiência.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As tentativas de Tamara de se aproximar de Sem Coração
servem para ilustrar tanto as diferenças entre elas, mas também certas
semelhanças. O modo como as duas são enquadradas através da fenda de um imóvel
em ruínas, por exemplo, ilustra o abismo de classe e raça que separa as duas.
Tamara é uma garota branca indo para uma universidade de prestígio, Sem Coração
é uma menina negra filha de um pescador e sem qualquer outra perspectiva ou
chance aparente de transformar sua vida.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Conforme elas se aproximam e vemos que há mais do que
amizade entre as duas, o filme revela os sentimentos que aproximam as
personagens. Os pesadelos que elas têm com uma baleia morrendo encalhada na
praia podem ser entendidos como metáfora para o sentimento de estagnação das
duas e que ficar ali, principalmente diante da homofobia que viram amigos
sofrerem, pode significar a perdição delas.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As duas constroem uma cumplicidade silenciosa entre elas, no
qual muito não é dito explicitamente, inclusive no final em que Sem Coração dá
algo que nunca vemos para Tamara. O filme acerta em manter certo mistério
quanto a Sem Coração, deixando certos elementos à nossa interpretação sem dar
uma explicação direta para a sua cicatriz no peito ou outros elementos de sua
personagem. Esse senso de mistério é também construído pela interpretação de
Eduarda Samara, cuja expressão inescrutável revela alguém acostumada a guardar
os sentimentos dentro de si e a externar pouco como se sente nos deixando incertos do que a move. É justamente quando Sem Coração encontra algo que faz seu coração se mover que ela encontra motivação para sair do estado de apatia e conformismo que ela parecia se encontrar.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A tomada final das duas deixando a cidade em veículos
diferentes sintetiza as aproximações e diferenças entre ambas. Em como elas
veem a necessidade de ir embora daquele local, principalmente depois de perceberem
os sentimentos que tem uma pela outra, como essa relação as modifica, mas
também de como as perspectivas de mudança para as duas são dessemelhantes por
conta do contexto em que ambas estão inseridas.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Esse texto faz parte de nossa cobertura do XIX Panorama
Internacional Coisa de Cinema.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trailer</p>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/PsUemUF-hzI?si=mjXK8KGgUt1DGFfH" title="YouTube video player" width="560"></iframe>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-48490028366099926152024-03-16T11:04:00.005-03:002024-03-16T13:10:33.640-03:00Crítica – Eros<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYRDp5FTEbKHqcsFQFzfNnl1DHm7xIs5gJRO-MZgk6KdTMQ5TDx7uGNWX0JMIQW-LwQ6MLnBcugkZgctjS3G2gUNj2iwjHuuPZbslPCOdKEYPJKtOhXisrFQzRCCQ7NyNBDaJ1VkHl8UTpDcgprRC72E011FybAu79uCA6I8tXhEpE5KO_ATNd-v8YAcgV/s1024/eros03.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica – Eros" border="0" data-original-height="576" data-original-width="1024" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYRDp5FTEbKHqcsFQFzfNnl1DHm7xIs5gJRO-MZgk6KdTMQ5TDx7uGNWX0JMIQW-LwQ6MLnBcugkZgctjS3G2gUNj2iwjHuuPZbslPCOdKEYPJKtOhXisrFQzRCCQ7NyNBDaJ1VkHl8UTpDcgprRC72E011FybAu79uCA6I8tXhEpE5KO_ATNd-v8YAcgV/w640-h360/eros03.jpg" title="Crítica – Eros" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZnlfRNm_oTxc4hTEY8IiWL_tURwN40kTTcc0Z8bRb4LuWpXRr2qgYBKSNev2_FG0C03VWECmJJa3kc6V5jsJ76tgiv20DW6sphsjbHWRXmwJ7wWUy0GV_kW_pFTbyzZ1vbplfskhWEql19cBRzCS6Ldz7TgeNhzpFWHPYt8fE0jsKp2Saax9oW95EVNZE/s665/20240115-eros-papo-de-cinema-cartaz.jpeg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review – Eros" border="0" data-original-height="665" data-original-width="500" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZnlfRNm_oTxc4hTEY8IiWL_tURwN40kTTcc0Z8bRb4LuWpXRr2qgYBKSNev2_FG0C03VWECmJJa3kc6V5jsJ76tgiv20DW6sphsjbHWRXmwJ7wWUy0GV_kW_pFTbyzZ1vbplfskhWEql19cBRzCS6Ldz7TgeNhzpFWHPYt8fE0jsKp2Saax9oW95EVNZE/w241-h320/20240115-eros-papo-de-cinema-cartaz.jpeg" title="Resenha Crítica – Eros" width="241" /></a></div>Apesar de termos mais abertura para falar sobre isso, as discussões
sobre sexo ainda encontram tabus nos meio social. O documentário <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Eros</i> visa abrir uma conversa sobre isso,
especificamente sobre o universo de motéis e o que atrai as pessoas para ir a
um motel fazer sexo.<p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A produção retrata diferentes casais que frequentam motéis com
filmagens feitas pelos próprios personagens. São imagens que retratam a experiências
dessas pessoas nos motéis, conversas sobre relacionamentos, sexo ou o motivo de
irem a locais como aquele com frequência e ocasionalmente até as próprias experiências
sexuais dos personagens. Com casais de diferentes idades, sexualidades e
fetiches, o filme tenta construir um panorama amplo da experiência das pessoas
em motéis ao mesmo tempo em que busca pontos comuns.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nesse sentido, as experiências retratadas nos fazem ver o
motel como um lugar de realizar fantasias ou ter experiências que, em geral, não
podemos ter em casa já que a maioria das pessoas não pode construir uma gruta
artificial dentro de casa ou deixar o quarto todo equipado com artefatos de
sadomasoquismo, um casal praticante de BDSM chega a comentar como seria pouco
prático colocar em algum cômodo de casa os equipamentos que encontram no motel.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É também um espaço de certa segurança, como fica evidente na
fala de um casal gay ou na de uma mulher trans, que lembram como sexualidades
fora do espectro da heteronormatividade muitas vezes não tem opção de outro
lugar para se relacionarem sem medo de serem alvo de preconceito além do motel.
O depoimento de uma mulher trans inclusive traz uma fala muito forte a respeito
de como é só ali que ela consegue se encontrar com o namorado e como isso a faz
se sentir plena.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Por outro lado, o motel pode funcionar como o espaço para
aplacar a solidão de algumas pessoas. O segmento com um homem de meia idade que
chama uma prostituta apenas para conversar revela como o local é frequentado
por pessoas profundamente solitárias que anseiam por um mínimo grau de conexão humana.
A maneira como o sujeito descarrega toda a sua história de vida, seus traumas,
seus problemas e dilemas para a prostituta revela alguém profundamente solitário
e com dificuldades para lidar com os próprios sentimentos.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Como é um documentário que se divide em vários segmentos
focados em personagens diferentes, seu funcionamento depende de encontrarem
personagens interessantes que tenham histórias ou pontos de vista que sejam
capazes de prender nossa atenção. Felizmente o filme encontra um plantel de
personalidades pitorescas e motéis cujas suítes são exóticas o bastante para
render boas histórias, transitando entre o humor, a emotividade e o espanto. Um exemplo é o casal evangélico que tenta argumentar
biblicamente porque não há nada de errado com crentes frequentarem motel,
revelando também o papel da religiosidade no tabu e no sentimento de culpa em
torno do sexo, algo que também é discutido por um casal gay. Um “trisal” jovem
se filma em um quarto de motel com uma espécie de confessionário cenográfico e
eles se fantasiam de padres e freiras, interpretando diferentes fantasias
sexuais.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Aqui e ali, no entanto, o filme esbarra em alguns personagens
que não rendem tanto, em especial o sujeito do segmento final. O personagem
primeiramente soa redundante porque ecoa as ideias do motel como espaço de solidão
que o senhor que conversa com a prostituta já transmitia bem. Além disso o
personagem parece menos interessado em falar de uma maneira sincera e direta
sobre seus sentimentos e mais em demonstrar sua capacidade de performance, se
apresentando em cenas claramente construídas em que recita textos prontos, soando
forçado e artificial em contraste com os demais personagens que se apresentam diante
das câmeras de maneira que parece menos planejada. Claro, em algum nível o simples fato de saber que está sendo filmado faz a pessoa modular sua conduta, mas há uma diferença entre adotar uma postura que considera melhor para ser visto em público (mesmo expondo suas intimidades como é o caso aqui) e construir toda uma performance de si que soa obviamente ensaiada e não natural.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Como as imagens são captadas pelos próprios personagens isso
implica em algumas inconsistências. Com alguns segmentos com melhor qualidade de
imagem e outros em que tudo é mais pixelizado ou filmado com o celular em posição
vertical que limita o quadro. São imagens que revelam as condições de produção
e como essas pessoas lidam, cada uma a seu modo, como o aparato. O problema,
porém, acaba sendo o áudio, já que algumas cenas, por conta da reverberação e
do ruído dos espaços, os diálogos são difíceis de entender e o filme se
beneficiaria de legendas em momentos em que o som está mais “sujo”.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ainda assim, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Eros</i>
faz um retrato envolvente a respeito do que atrai as pessoas para o espaço do
motel enquanto pondera sobre nossa relação com a sexualidade e os tabus que
ainda existem.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Esse texto faz parte de nossa cobertura do XIX Panorama
Internacional Coisa de Cinema<o:p></o:p></p>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-80081672231586005452024-03-15T10:01:00.001-03:002024-03-15T10:01:04.170-03:00Crítica – Saudade Fez Morada Aqui Dentro<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTvtlSl-WhA5ja0s8A-nfz_QghHU_D_q2AlIKWtLzuyrl6MDWnT0RjVTL8EXRN49CEjdhohRSK6cPdqfZi54mx_XMUy5t0F0N9IFLwRvdnPZqr6Yo0C_VrHpvFAxv-3z72pf3CZ4CYR6eSSQqXjv9G6L40qy7ghddyHq0SArOA3D7oWKAqlzRXbqQnvwrc/s770/saudade-fez-morada-aqui-dentro-meio-amargo-capa-770x513.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica – Saudade Fez Morada Aqui Dentro" border="0" data-original-height="513" data-original-width="770" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTvtlSl-WhA5ja0s8A-nfz_QghHU_D_q2AlIKWtLzuyrl6MDWnT0RjVTL8EXRN49CEjdhohRSK6cPdqfZi54mx_XMUy5t0F0N9IFLwRvdnPZqr6Yo0C_VrHpvFAxv-3z72pf3CZ4CYR6eSSQqXjv9G6L40qy7ghddyHq0SArOA3D7oWKAqlzRXbqQnvwrc/w640-h426/saudade-fez-morada-aqui-dentro-meio-amargo-capa-770x513.jpg" title="Crítica – Saudade Fez Morada Aqui Dentro" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMOIJCoRmGYFXxDBcigTtVZKsPRlaHJHFZvqKN43hOSsjWIU1XBkCJ3g-4CX5zDe2meAvdUO4HtNX0Sn15J7oFdJf35K750fBWnJFiaa2nSmr7MlPXHrevLtIeg-lg7wUIBxCyeeqa2anj6jCYe0i5qxGxUq4CEWOf3gNZZsKF8N8Abc1STnP9KqcJKSXw/s478/saudade.webp" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review – Saudade Fez Morada Aqui Dentro" border="0" data-original-height="478" data-original-width="322" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMOIJCoRmGYFXxDBcigTtVZKsPRlaHJHFZvqKN43hOSsjWIU1XBkCJ3g-4CX5zDe2meAvdUO4HtNX0Sn15J7oFdJf35K750fBWnJFiaa2nSmr7MlPXHrevLtIeg-lg7wUIBxCyeeqa2anj6jCYe0i5qxGxUq4CEWOf3gNZZsKF8N8Abc1STnP9KqcJKSXw/w216-h320/saudade.webp" title="Resenha Crítica – Saudade Fez Morada Aqui Dentro" width="216" /></a></div><div style="text-align: justify;">Histórias sobre amadurecimento e adolescência são comuns no
cinema. É uma fase de transição em que o jovem começa a perceber as
complexidades da vida adulta e desapegar de uma série de noções infantis sobre
o mundo. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Saudade Fez Morada Aqui Dentro</i>
trata exatamente sobre essa transição e o senso de certas perdas irreversíveis que
vem nesse momento da vida.</div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A trama é centrada em Bruno (Bruno Jefferson), um adolescente
de 15 anos do interior da Bahia que descobre uma doença degenerativa que o fará
perder a visão. Ciente das dificuldades que virão, o garoto tenta aproveitar o
tempo em que ainda consegue enxergar ao mesmo tempo em que tenta se preparar
para o futuro. Ele contará com a ajuda do irmão Ronny (Ronnaldy Gomes) e da
colega de escola Angela (Angela Maria).</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A narrativa segue o cotidiano de Bruno enquanto ele tenta
manter um senso de normalidade a despeito do risco de perder a visão a qualquer
momento. Seguimos o personagem na escola, em festas, enquanto brinca com os
amigos ou pratica seus desenhos, talvez a habilidade que ele mais tema perder
por conta de seu problema de visão. É uma espécie de luto em vida experimentado
por Bruno, já que ele ainda não perdeu a visão, mas já lida com a dor de ter
que se despedir de sonhos e desejos futuros do que ele poderia ser.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ainda assim a narrativa nunca reduz o personagem ao seu sofrimento,
exibindo os momentos de riso ao lado do irmão, as festas da vizinhança e a
amizade com Ângela e Terena (Terena França). Há uma química muito sincera entre
esse elenco jovem, que fala e se comporta de maneira bem genuína como adolescentes
do interior da Bahia. Esses momentos permitem ver Bruno sem o peso da perdição
eminente sobre seus ombros e como ele possui uma rede de apoio ao seu lado que
será importante quando a crise chegar. Como quase tudo é filmado com câmera na
mão, temos a impressão de que estamos seguindo esses personagens no seu
cotidiano e sendo parte de suas vidas.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É uma trama que também lida com preconceito. De um lado há o
preconceito e despreparo do sistema educacional para dar suporte a alunos com
necessidades especiais, com a reunião da mãe de Bruno na escola para explicar o
problema revelando como boa parte do corpo docente resiste em ter o garoto na
escola, recorrendo inclusive ao argumento de que Bruno atrasaria os demais
estudantes. Bruno lida com seus próprios preconceitos ao começar a ouvir boatos
de que Ângela e Terena estariam namorando, tentando negar isso, apesar de ser visível
nas interações entre as duas, e até interferindo na relação delas. Curiosamente
é só quando a cegueira de fato chega e ele experimenta como é se sentir excluído
que ele passa a repensar as atitudes.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A paisagem sonora do filme acaba sendo um elemento
importante principalmente em sua segunda metade quando várias cenas nos colocam
no ponto de escuta de Bruno e ele passa a usar o som para se situar nos
espaços. Com isso os sons ambientes trazem uma camada complexa de ruídos, nos
fazendo perceber os vários sons ao redor do personagem, de uma moto passando perto
dele, aos sons de animais se aproximando quando ele se vê sozinho em um local
remoto, além de sons de pássaros, de vento e das diferentes superfícies pelas
quais ele tateia.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A mudança na vida do personagem é tratada com bastante
sensibilidade, reconhecendo que uma parte dele se perdeu para sempre, mas
ponderando que isso não o torna uma pessoa incompleta. Tal como as mudanças da
própria adolescência, é um arco agridoce sobre como o amadurecimento nos faz
deixar certas coisas para trás ao mesmo tempo em que construímos novos rumos
para nossa vida. É algo também presente no arco de Ângela, que perde alguém de
quem gostava muito, mas se vê feliz pelo relacionamento tê-la ajudado a se
compreender melhor.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Esse texto faz parte de nossa cobertura do XIX Panorama Internacional
Coisa de Cinema<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trailer</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/jIHWtzOb3xA?si=Db0eBsjLlhXp0pI_" title="YouTube video player" width="560"></iframe>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-47959140687715177912024-03-14T09:23:00.003-03:002024-03-14T09:23:19.554-03:00Crítica – Meninas Malvadas<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1e-Hd_fe7JGwReCr3mxx1ACFUPJ2gnEzMp3-GajuMSj8c4dEyykkRV2c9PqkpacwTd50rxEHYMHTRe2__b3T6mwqNzpefz_XzpHK-puQwj-PyMxIikGce5cXEG5unegDjPleBgG6pqsnkSRKVqL-UwjyVvJ0NDY_r2bVagUdRIHnV9YGhXQwl1Ioy_eZD/s1300/meninas-malvadas-1.jpg.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica – Meninas Malvadas" border="0" data-original-height="820" data-original-width="1300" height="404" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1e-Hd_fe7JGwReCr3mxx1ACFUPJ2gnEzMp3-GajuMSj8c4dEyykkRV2c9PqkpacwTd50rxEHYMHTRe2__b3T6mwqNzpefz_XzpHK-puQwj-PyMxIikGce5cXEG5unegDjPleBgG6pqsnkSRKVqL-UwjyVvJ0NDY_r2bVagUdRIHnV9YGhXQwl1Ioy_eZD/w640-h404/meninas-malvadas-1.jpg.webp" title="Crítica – Meninas Malvadas" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQU0J7ySNdMSfOu_PVm-O_8MD9B-iMzNUrMpCmMLhI1nPk2vi0ZP3VlmdhOkn9k3LSbuF-0jxE6xdIxIJVexhkUTzFTKJzPbhs0tmQm5v6qrfH_ZDzkjDtzOvXN8-dyPJqtw02ew1QP-n9XdywoOTjOzzffissijDZh26zIsu_kGeMBC4bQO4xMg3jZxPG/s1023/meninas-malvadas-poster.webp" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review – Meninas Malvadas" border="0" data-original-height="1023" data-original-width="656" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQU0J7ySNdMSfOu_PVm-O_8MD9B-iMzNUrMpCmMLhI1nPk2vi0ZP3VlmdhOkn9k3LSbuF-0jxE6xdIxIJVexhkUTzFTKJzPbhs0tmQm5v6qrfH_ZDzkjDtzOvXN8-dyPJqtw02ew1QP-n9XdywoOTjOzzffissijDZh26zIsu_kGeMBC4bQO4xMg3jZxPG/w205-h320/meninas-malvadas-poster.webp" title="Resenha Crítica – Meninas Malvadas" width="205" /></a></div><div style="text-align: justify;">Quando foi lançado em 2004, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Meninas Malvadas </i>surpreendeu pelo seu olhar crítico sobre o
universo de panelinhas adolescentes. O sucesso do filme gerou uma continuação
sem o envolvimento da equipe criativa original, <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2021/07/lixo-extraordinario-meninas-malvadas-2.html" target="_blank">Meninas Malvadas 2</a> </i>(2011), cujo resultado foi execrável, e também
um musical da Broadway inspirado no filme de 2004. Agora a versão musical é
adaptada aos cinemas e não tem muita coisa a acrescentar ao ótimo original.</div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A trama segue a mesma. Cady (Angourie Rice) é uma garota
ingênua que cresceu educada pelos pais enquanto eles viajavam pela África em
pesquisa. Quando eles voltam para os Estados Unidos Cady vai experimentar pela
primeira vez um colégio comum. Lá faz amizade com os excluídos Janis (Auli’i Cravalho)
e Damian (Jaquel Spivey), mas também chama a atenção do grupo de garotas
populares liderados por Regina George (Reneé Rapp) e logo aprende como o
colégio não é muito diferente de uma selva.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As batidas da narrativa e boa parte das piadas permanecem as
mesmas o que levanta a questão do porquê fazer uma nova versão que não traz
nenhum tipo de releitura ou novo olhar para essa história e só entrega mais do
mesmo. A maioria das mudanças é superficial e diz respeito a se adequar aos
novos tempos de uma juventude conectada e que se comunica por redes sociais.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Algumas mudanças nos personagens, porém, deixam elementos da
trama sem sentido. No início filme estabelece que essa versão de Regina George
não é uma contadora de calorias obcecada por magreza e de comportamento quase
anoréxico e sim alguém confiante e confortável no próprio corpo que não tem
problemas em comer <i style="mso-bidi-font-style: normal;">junk food</i>, no
entanto, minutos depois usa a subtrama de Cady e Janis fazendo ela comer
barrinhas cheias de calorias para engordá-la. Imagino que as condutas de Regina
foram mudadas por não acharem apropriado sua apologia à magreza e comentários
sobre a aparência feminina, mas o original nunca endossou essa conduta e fazia
disso parte de sua personalidade tóxica, nos dando mais motivos para vê-la como
vilã. Ao remover essa parte de sua personalidade e manter a trama da engorda, o
filme não muda o conteúdo a respeito de comentários sobre a aparência das
garotas e ainda cria uma incoerência.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Os números musicais são competentes, mas a maioria deles não
tem nada de muito marcante, com as melhores canções sendo as de Janis e as de
Regina, além de um número envolvendo Karen (Avantika) na festa de Halloween.
São números em geral bem executados, com alguns prezando pelo uso de planos
sequência com as personagens transitando por vários ambientes sem cortes, como
ocorre em dois números de Janis e a já citada canção de Karen, mas cujas
canções não empolgam como deveriam. Isso acontece principalmente nas canções de
Cady, que não fazem muito além de repetir o que as cenas normais já mostraram.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O elenco é fiel ao espírito das personagens do original e as
desenvolve com habilidade ainda que, novamente, não tenham muito a acrescentar
à versão original. Angourie Rice, por exemplo, faz de Cady uma garota ingênua
que aos poucos passa a apreciar a atenção que recebe. Reneé Rapp claramente se
diverte devorando o cenário como a venenosa Regina, mas quem se destaca mesmo é
Auli’i Cravalho que consegue dar mais camadas a Janis, em parte porque o
roteiro também dá mais evidência à personagem. Me surpreendi com o trabalho de
Avantika como Karen, já que interpretar personagens extremamente burras não é
tão fácil quanto parece, mas ela consegue fazer sua patricinha ter um olhar
constantemente perdido e ainda assim soar como um ser humano crível. Por outro
lado Christopher Briney é um buraco negro de carisma como Aaron Samuels e nunca
consegue justificar porque tantas garotas brigariam por um sujeito tão sem
graça.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No fim das contas a nova versão de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Meninas Malvadas </i>não faz muito além de repetir os méritos do
original e nunca justifica sua própria existência para além da inserção de
números musicais.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nota: 6/10<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trailer</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/kCd2kfEg6iY?si=H4ksNHH86C2HgTcp" title="YouTube video player" width="560"></iframe>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-3251989328846746772024-03-13T08:50:00.005-03:002024-03-13T21:17:53.539-03:00Crítica – Donzela<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyDEN9NMGpNij5fwR718-__vRJwIJrg5QXS9jVrJQdfUwNYTmgQ1GQNcZZS7DHJjJ1gjp3UhpJgok2LkPIMS1uwP70P4REZWaIujd8_NrrC3GED8uTpL3dXeaLELMg6TSHz6UQvqoLk5-tOt1yT20EtHXlOnu9_XCpn96wOQ7M3B_whhyphenhyphenot3g-ag4JH6zi/s1024/Donzela-critica-do-filme-Netflix-2024.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica – Donzela" border="0" data-original-height="576" data-original-width="1024" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyDEN9NMGpNij5fwR718-__vRJwIJrg5QXS9jVrJQdfUwNYTmgQ1GQNcZZS7DHJjJ1gjp3UhpJgok2LkPIMS1uwP70P4REZWaIujd8_NrrC3GED8uTpL3dXeaLELMg6TSHz6UQvqoLk5-tOt1yT20EtHXlOnu9_XCpn96wOQ7M3B_whhyphenhyphenot3g-ag4JH6zi/w640-h360/Donzela-critica-do-filme-Netflix-2024.webp" title="Crítica – Donzela" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4J_HlZDzshGNrYXVC0OdqWnsfrEQl1wdhHQnzEi5WAGc_AzAGOHnH9GH-p3kFQ-28voJxtp33H-8cyCxQdv1H3Wcu9FOn2vyVCGtHDrgEUg6wDmQ-DOmPnf9ITzb9itiA2tspIPzg3yGWCRN2lz5rfyUT5R0czTtAuJlpg1AMux5lGHjD4tkjWcjfDnum/s528/5023596.webp" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review – Donzela" border="0" data-original-height="528" data-original-width="354" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4J_HlZDzshGNrYXVC0OdqWnsfrEQl1wdhHQnzEi5WAGc_AzAGOHnH9GH-p3kFQ-28voJxtp33H-8cyCxQdv1H3Wcu9FOn2vyVCGtHDrgEUg6wDmQ-DOmPnf9ITzb9itiA2tspIPzg3yGWCRN2lz5rfyUT5R0czTtAuJlpg1AMux5lGHjD4tkjWcjfDnum/w215-h320/5023596.webp" title="Resenha Crítica – Donzela" width="215" /></a></div><div style="text-align: justify;">Abrindo com um diálogo que diz algo tipo “existem muitas
histórias sobre cavaleiros salvando donzelas em perigo, essa não é uma delas”
faz parecer que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Donzela</i>, produção
original da Netflix,<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>tem algo de
bastante subversivo. O problema é que o filme não faz nada de interessante com
essa ideia e ou que já tenha sido feito melhor por outros filmes com
protagonistas femininas.</div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A trama é protagonizada por Elodie (Millie Bobby Brown), uma
princesa de um reino que está definhando e é convencida pelo pai, lorde Bayford
(Ray Winstone), e pela madrasta, Lady Bayford (Angela Bassett), a se casar com
um príncipe de um próspero reino distante para salvar o seu próprio. Chegando
lá se encanta pela beleza do local e como é recebida pela rainha Isabelle
(Robin Wright) e o príncipe Henry (Nick Robinson). No casamento, porém, ela
descobre que tudo não passa de uma farsa e um ritual para sacrificá-la a um
dragão que habita o reino muito antes dos humanos chegarem. Sozinha no covil do
dragão, Elodie precisa encontrar um jeito de sobreviver.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O principal problema do filme é o quanto ele é arrastado. A
primeira meia hora se alonga demais em diálogos expositivos que detalham a
situação mais do que necessário como se não fosse uma premissa familiar que já
vimos várias vezes. Quando Elodie finalmente cai no covil da criatura pensamos
que as coisas vão melhorar, mas tudo continua moroso, com a protagonista
passando parte do tempo parada se escondendo do dragão, com pouquíssimo de
interessante acontecendo.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Muito do tédio também vem pelo tom excessivamente sério da
direção e de boa parte do elenco. Tudo é conduzido e atuado como se fosse um
drama sério e bastante realista, como se tivesse vergonha de ser uma aventura
fantasiosa ou achasse que precisa ser excessivamente sisudo por estar tratando
de temas como feminismo. Essa seriedade prejudica principalmente o trabalho de
Nick Robinson e Millie Bobby Brown, cujos personagens não tem lá muita
substância e a maneira estoica com a qual se conduzem só reforça o quanto eles
são vazios e entediantes. Robin Wright parece ser a única que realmente entende
o material que tem em mãos, devorando o cenário como a deliciosamente maligna
rainha.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Visualmente a produção carece de qualquer senso de
encantamento ou mesmo de algum senso de personalidade em seu universo
fantasioso. A impressão é que alguém mandou uma IA gerar um mundo de fantasia e
o resultado foi esse universo genérico, que não tem nada marcante. A única
escolha minimamente interessante é o modo como o sopro do dragão funciona. Ao
invés de ser uma labareda de fogo, o ataque funciona como se fosse napalm, com
a criatura expelindo uma substância incendiária que se espalha pelas
superfícies. A ação carece de urgência, já que não importa o quanto Elodie se
machuque, ela se levanta como se nada tivesse acontecido, nunca dando a
sensação de que ela está realmente em perigo.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Quando a verdade é revelada sobre a motivação do dragão
parecia que o filme ia abordar como o processo de colonização é violento
(afinal a criatura já estava lá quando chegaram) com os nativos, mas fica só
nisso e nada é muito desenvolvido. Mesmo a jornada de Elodie não vai além do
que já virou clichê para uma “personagem feminina forte”, um tipo de personagem
que começou como um contraponto às representações femininas típicas de Hollywood,
mas que hoje virou o mesmo tipo de retrato reducionista e unidimensional que
deveria combater. Filmes como <i>Valente </i>(2012), <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2016/01/critica-frozen-uma-aventura-congelante.html" target="_blank">Frozen</a> </i>(2013) ou <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2017/01/critica-moana-um-mar-de-aventuras.html" target="_blank">Moana</a> </i>(2016), só para ficar em exemplos recentes, construíram melhor a desconstrução de elementos machistas de fantasia e contos de fada. A ideia dela sobreviver com base nas anotações de outras
princesas nas paredes da caverna parece ser uma metáfora para sororidade e a
importância da cooperação feminina, porém é só mais um elemento tratado de modo
superficial.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O modo como a protagonista precisa ir removendo camadas do
seu vestido de noiva para sobreviver serve para ilustrar o aprisionamento que é
o ideal patriarcal de “ser mulher” e como ela precisa se livrar dessas noções
que lhe foram impostas para superar seus desafios. É uma ideia interessante que
termina meio esquisita pelo fato de que ela termina vestindo algo tão revelador
que o simbolismo empoderador perde um pouco da força.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Embora tenha a intenção de ser subversivo, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Donzela </i>é prejudicado por um texto raso,
tom inconsistentes, personagens inanes e visuais sem personalidade. Sua mocinha
pode ser capaz de salvar a si mesma, mas não consegue salvar o público do tédio
que é assistir esse filme.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nota: 3/10<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trailer</p>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/WvFHERDoBVg?si=nHr_URkvpKL5loW-" title="YouTube video player" width="560"></iframe>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-90768691264310006822024-03-12T10:01:00.002-03:002024-03-12T10:01:51.044-03:00Crítica – Ricky Stanicky<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdD7CTjS7RDScHZ06iK6V13SSpBHHp1_GT2U6oXfmkopm2JKX7xZBy1USLy9ExbqkLcgRngxrUtm2DTJj1AZaM5AsXxYE_-HlxaRilk4IYmvz-retYXDzP6ohhTTYyOWQGwy44mo1mv5_lPKPC14xAzSlIZMVioIZb5NlmQhTBNVHVCBt7OInpZX3GFK4H/s640/i865345.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica – Ricky Stanicky" border="0" data-original-height="360" data-original-width="640" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdD7CTjS7RDScHZ06iK6V13SSpBHHp1_GT2U6oXfmkopm2JKX7xZBy1USLy9ExbqkLcgRngxrUtm2DTJj1AZaM5AsXxYE_-HlxaRilk4IYmvz-retYXDzP6ohhTTYyOWQGwy44mo1mv5_lPKPC14xAzSlIZMVioIZb5NlmQhTBNVHVCBt7OInpZX3GFK4H/w640-h360/i865345.jpeg" title="Crítica – Ricky Stanicky" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCNsS4thsaS93VEl15UPtDOQe_OX3-BceSgC-VQVzRdsB6q1zGdRL1IeYgNbCVnNk_Yks7H67x4WUPYHwfQPhXz3B16RXyiHFo7_aa5351oURkBPT-C8DfT373RkhYh-Dfl5BxMLxgDMTytUxYzdkT0erOS48aBJrbvyLh7yadzFhXTtZubKhguKAUceTv/s420/0355412.webp" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review – Ricky Stanicky" border="0" data-original-height="420" data-original-width="310" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCNsS4thsaS93VEl15UPtDOQe_OX3-BceSgC-VQVzRdsB6q1zGdRL1IeYgNbCVnNk_Yks7H67x4WUPYHwfQPhXz3B16RXyiHFo7_aa5351oURkBPT-C8DfT373RkhYh-Dfl5BxMLxgDMTytUxYzdkT0erOS48aBJrbvyLh7yadzFhXTtZubKhguKAUceTv/w236-h320/0355412.webp" title="Resenha Crítica – Ricky Stanicky" width="236" /></a></div><div style="text-align: justify;">Quando comecei a assistir <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ricky Stanicky</i> senti nele um clima de comédias besteirol dos anos
90 e início dos anos 2000 com tudo de bom e de ruim que isso carrega. A trama conta a história de três
amigos de infância que, após uma tentativa de pregar uma peça dar errado,
inventam provas de que tudo foi causado por um garoto inexistente chamado Ricky
Stanicky. Ao longo de suas vidas, Dean (Zac Efron), JT (Andrew Santino) e Wes
(Jermaine Fowler) usam esse amigo imaginário como desculpa para fugir de
problemas.</div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Quando JT perde o parto do filho para ir a um show com os
amigos sob o pretexto de irem visitar um Ricky doente, a esposa dele exige
conhecer esse amado amigo de infância de quem sempre ouviu falar, mas nunca
viu. Sem querer admitir a mentira, o trio contrata Rod (John Cena), um ator
alcoólatra e fracassado, para se passar por Ricky durante o bris do filho de
JT. O problema é que “Ricky” conquista todos com seu carisma e é convencido a
ficar mais tempo pela família e amigos do trio principal, causando uma série de
problemas para eles e pondo em risco a mentira de anos.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Pensei que a trama seria algo tipo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Pentelho </i>(1996) com o inconveniente e carente Ricky se tornando o
centro das atenções enquanto sabota Dean e seus amigos. O resultado, no
entanto, é mais uma comédia de erros, com Ricky sendo um trapalhão que acidentalmente
se coloca no meio das situações e sai bem sucedido por pura sorte enquanto JT,
Dean e Wes tentam se livrar dele, mas seus planos falham constantemente.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É uma lógica de desenho animado e o filme abraça
completamente esse regime de absurdo, sendo mais preocupado em criar situações
sem noção, como a cena em que o rabino ingere cetamina acidentalmente ou quando
o cachorro de Dean é perseguido por uma pata raivosa em um campo de golfe. John
Cena, que já tinha mostrado ser eficiente em interpretar um babaca de bom
coração na série do <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2022/02/critica-pacificador-1-temporada.html" target="_blank">Pacificador</a></i>, se
entrega ao ridículo e dá tudo de si não importa o quão absurda ou patética é a
situação, tipo se jogar de uma janela com uma garrafa de vodka na mão
fantasiado de Britney Spears. Como Cena acredita em cada <i style="mso-bidi-font-style: normal;">gag</i> e cada piada é difícil não embarcar em toda a maluquice que o
filme propõe.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Por outro lado, é justamente quando a trama tenta dar um
arco mais sério aos personagens é que as coisas não funcionam. A ideia de que
Dean mentia por causa dos problemas que teve na infância com os pais é jogada
de qualquer jeito em um diálogo expositivo perto do final e parece uma
tentativa de último minuto de tentar fazer esses personagens serem qualquer
coisa além de crianções imaturos. Toda a epifania de Dean ao final e a mensagem
piegas de como eles ajudaram Rod/Ricky a se reerguerem destoa do caos do
restante do filme. Ao menos o texto acerta em não tratar a esposa de Dean como
uma idiota que acreditou em todas as mentiras óbvias sobre Ricky, fazendo ela
virar o jogo em cima do marido, forçando-o a confrontar seu egoísmo e
imaturidade, ainda que o conflito dos dois se resolva muito fácil e muito
rápido como de praxe nos filmes besteirol de outrora sobre homens imaturos
fazendo idiotices.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nota: 5/10<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trailer</p>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/O3P-y7j6R14?si=T8FxvFT7NIzxwP_k" title="YouTube video player" width="560"></iframe>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-47480712389183565782024-03-11T10:19:00.002-03:002024-03-11T10:19:18.750-03:00Crítica – As Five: Terceira Temporada<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3CHmnxFSgDRNqz1-KB0voaZH8FJFW6ZBqtzbcCGjXeXo3xpUOTQvM_eAto17Wt88oGexm3KHoz663y5HVfJ9ZCJSZmpYlW1uEMsdEXB8ZGAfrlR55pb3lMU0anAsO_Uj1BCNmvGdneEwdUCh7nkrYO2xtvkBwq3KHg5BBI9BDu4-vbcg9xDPRBXM0UO1T/s1920/3a-temporada-de-as-five-serie-derivada-de-malhacao-viva-a-diferenca-ganha-data-de-estreia-foto-globoestevam-avellar.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica – As Five: Terceira Temporada" border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1920" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3CHmnxFSgDRNqz1-KB0voaZH8FJFW6ZBqtzbcCGjXeXo3xpUOTQvM_eAto17Wt88oGexm3KHoz663y5HVfJ9ZCJSZmpYlW1uEMsdEXB8ZGAfrlR55pb3lMU0anAsO_Uj1BCNmvGdneEwdUCh7nkrYO2xtvkBwq3KHg5BBI9BDu4-vbcg9xDPRBXM0UO1T/w640-h360/3a-temporada-de-as-five-serie-derivada-de-malhacao-viva-a-diferenca-ganha-data-de-estreia-foto-globoestevam-avellar.jpg" title="Crítica – As Five: Terceira Temporada" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtqwyfM2o1zrC9RHVVFBfoQE7ebL1JhQgJAfy_p56tFTF-BjrNFc-rFrSKrcrFJ-kqh_7w326FBG-gyZhw9ky5kZFEXG5PfWMHV8Bh3m5C7PzhkXeBNYDanvbXHOr_rB5mKNAS_XN2rp-uoJSZmbWLRS7por9QAq3hzhDaMoD5iRY981JZhruHPGgQ9LsE/s1024/temporada-3.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Resenha Crítica – As Five: Terceira Temporada" border="0" data-original-height="1024" data-original-width="718" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtqwyfM2o1zrC9RHVVFBfoQE7ebL1JhQgJAfy_p56tFTF-BjrNFc-rFrSKrcrFJ-kqh_7w326FBG-gyZhw9ky5kZFEXG5PfWMHV8Bh3m5C7PzhkXeBNYDanvbXHOr_rB5mKNAS_XN2rp-uoJSZmbWLRS7por9QAq3hzhDaMoD5iRY981JZhruHPGgQ9LsE/w224-h320/temporada-3.jpg" title="Review – As Five: Terceira Temporada" width="224" /></a></div><div style="text-align: justify;">Depois de uma <a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2021/02/critica-as-five.html" target="_blank">ótima primeira temporada</a>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Five</i> entregou <a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/03/critica-as-five-segunda-temporada.html" target="_blank">um segundo ano</a> que parecia mais interessado em
emular a série <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Girls</i>, deixando um
pouco a desejar. Essa terceira e última temporada mantem esse clima de querer
soar como uma série gringa, mas o principal problema é que não encontra tramas
interessantes para boa parte de suas personagens.</div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Lica (Manoela Aliperti) repete o mesmo arco de imaturidade e
dependência financeira da mãe das outras temporadas. A impressão é que a
personagem caminha em círculos sem ir para lugar algum. O arco dela poderia ter
sido sobre ela construindo seu próprio portal depois de viralizar com a reportagem
sobre Ellen (Heslaine Vieira) na temporada anterior, no entanto a série prefere
requentar os mesmos conflitos de antes. Sim, a trama dá um motivo do porquê,
apesar de tudo o portal de Lica não deslanchou, mas não é lá muito convincente.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Benê (Daphne Bozaski) fica presa a um arco que a coloca
diante de um antagonismo bobo entre música como arte e música como comércio,
como se formas expressivas como música, cinema ou teatro não pudessem ser
simultaneamente as duas coisas. A ideia de uma artista produzir música para
publicidade ser um ato de “se vender” como se houvesse problema em ganhar
dinheiro com a arte ou houvesse um impedimento de ser criativo nesses espaços
reproduz uma visão burguesa do fazer artístico que pensa no artista como alguém
que produz arte por pura inspiração e não vê isso como um trabalho. São poucos
os momentos em que esse arco dá algum conflito interessante para Benê, como o
episódio em que ela vai a um evento para fazer <i style="mso-bidi-font-style: normal;">networking</i> e conseguir mais trabalhos e precisa encontrar um jeito
de interagir com as pessoas, ilustrando a dificuldade de uma pessoa autista em
estar em um ambiente com tantas pessoas e estímulos cognitivos.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A subtrama de Ellen em entender a “química do amor” soa
deslocada do resto das personagens e do tom geral da série. A maneira como tudo
é construído soa mais como uma comédia romântica para adolescentes. Eu entendo
a ideia por trás dessa decisão, já que a personagem sempre foi muito focada na
carreira e sempre teve um lado racional, então faz sentido querer explorar mais
essa faceta dela. O problema é fazer uma personagem que já teve sua parcela de
relacionamentos se comportar como uma menina que acabou de descobrir o amor.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Keyla (Gabriela Medvedovski) e Tina (Ana Hikari) se saem
melhor. As duas tentam reconstruir o negócio que tem juntas depois de perderem
o dinheiro de Tina na temporada anterior. Enquanto Keyla tem que aprender a
lidar com a natureza do negócio ao mesmo tempo em que lida com seu
relacionamento com Edu (Samuel de Assis), o novo sócio do empreendimento.
Logicamente namorar com o sócio traz problemas tanto para o negócio quanto em
relação à amizade com Tina o que faz Keyla ter que navegar com cuidado por
esses relacionamentos e entender com quem ela pode realmente contar.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Já Tina lida com seu alcoolismo e a realização de que não
pode enfrentar o problema sem ajuda. O sexto episódio é muito bom em mostrar o
que pode acontecer quando ela se entrega ao vício, bem como o temor e vergonha
que tomam alguém nessa situação ao acordar em um lugar desconhecido sem
qualquer lembrança de como chegou lá ou o que aconteceu. O arco de Tina também
acerta ao pensar como pode ser perigoso que duas pessoas que ainda lidam com
vícios como Tina e Glauber (Elzio Vieira) podem ser perigosos um para outro, já
que por mais que entendam melhor do que ninguém o que estão passando, também
podem arrastar o outro para suas recaídas.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O arco de Tina serve também para lembrar com as cinco amigas
fornecem uma forte rede de apoio umas para as outras e do afeto genuíno que
existe entre essas personagens apesar de todas as tretas e barracos entre elas.
Esse senso verdadeiro de conexão entre as personagens, facilitado pelo elenco
estar junto há anos, sempre foi o ponto da série, nos lembrando de como
amizades e redes de apoio fazem a diferença em nossas vidas. Como nas outras
temporadas, as cenas de mais emoção acontecem quando elas estão juntas e o
texto explora o laço afetivo intenso que essas garotas têm umas com as outras.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É uma pena, portanto, que essa última temporada de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Five </i>não aproveite todo o potencial
de seu elenco, ficando aquém do que poderia ser por conta de várias tramas
desinteressantes.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nota: 6/10<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trailer</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/xXffNeoRR2w?si=81n0jOhoBmegXsd5" title="YouTube video player" width="560"></iframe>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-49945133902406493552024-03-11T09:59:00.003-03:002024-03-11T09:59:30.472-03:00Conheçam os vencedores do Oscar 2024<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiASyL3KhaP_paoNgYbwjtMefWENpk1vHMYsiPc36LQ1gCrRR6NRGPka_4vXr2CaY9YndBTL2bynsqa7xW4Oit5NPMYRArapPGfNa6yvt4i0IOVaFlruEfYb2E-e12H8GsTii5rybUFbaQX1D2vqY9wX9DJeW70DfAaPpCr2pCbch-muFQLaD2IyLtXM5Uy/s640/591397058-ab9648c760234adb56e1551d5a8a0d42.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="2024 Oscar Winners" border="0" data-original-height="360" data-original-width="640" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiASyL3KhaP_paoNgYbwjtMefWENpk1vHMYsiPc36LQ1gCrRR6NRGPka_4vXr2CaY9YndBTL2bynsqa7xW4Oit5NPMYRArapPGfNa6yvt4i0IOVaFlruEfYb2E-e12H8GsTii5rybUFbaQX1D2vqY9wX9DJeW70DfAaPpCr2pCbch-muFQLaD2IyLtXM5Uy/w640-h360/591397058-ab9648c760234adb56e1551d5a8a0d42.jpg" title="Conheçam os vencedores do Oscar 2024" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A cerimônia do Oscar aconteceu ontem, 10 de março, e sagrou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Oppenheimer</i> como seu principal vencedor
levando sete das treze estatuetas para qual foi indicado, incluindo melhor
filme e melhor diretor. Apresentada por Jimmy Kimmel, a premiação não teve
muitas surpresas, com os vencedores sendo os mesmos que vinham vencendo nas
mesmas categorias em outras premiações. Ao menos o horário mais cedo da premiação
não a fez se estender madrugada adentro como em outros anos. Além de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Oppenheimer</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Pobres Criaturas </i>venceu quatro Oscars e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Zona de Interesse </i>levou dois. Por outro lado, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Assassinos da Lua das Flores</i> saiu sem nada apesar de ter recebido
dez indicações.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Confiram abaixo a
lista completa de indicados com vencedores em destaque.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p><span><a name='more'></a></span><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><i>MELHOR FILME<o:p></o:p></i></b></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/03/critica-ficcao-americana.html" target="_blank">American Fiction</a><o:p></o:p></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/02/critica-anatomia-de-uma-queda.html" target="_blank">Anatomia de uma Queda</a><o:p></o:p></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-barbie.html" target="_blank">Barbie</a><o:p></o:p></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-os-rejeitados.html" target="_blank">Os Rejeitados</a><o:p></o:p></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/10/critica-assassinos-da-lua-das-flores.html" target="_blank">Assassinos da Lua das Flores</a><o:p></o:p></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-maestro.html" target="_blank">Maestro</a><o:p></o:p></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-oppenheimer.html" target="_blank"><b>Oppenheimer</b></a> <b>(Vencedor)</b><o:p></o:p></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-vidas-passadas.html" target="_blank">Vidas Passadas</a><o:p></o:p></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-pobres-criaturas.html" target="_blank">Pobres Criaturas</a><o:p></o:p></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/02/critica-zona-de-interesse.html" target="_blank">Zona de Interesse</a></i></li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR DIRETOR</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Justine Triet – <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/02/critica-anatomia-de-uma-queda.html" target="_blank">Anatomia de uma Queda</a></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Martin Scorsese – <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/10/critica-assassinos-da-lua-das-flores.html" target="_blank">Assassinos da Lua das Flores</a></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>Christopher Nolan – <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-oppenheimer.html" target="_blank">Oppenheimer</a> (Vencedor)</i></b><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Yorgos Lanthimos – <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-pobres-criaturas.html" target="_blank">Pobres Criaturas</a></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Jonathan Glazer –<i> </i><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/02/critica-zona-de-interesse.html" target="_blank">Zona de Interesse</a></i></li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR ATOR</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Bradley Cooper - <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-maestro.html" target="_blank">Maestro</a></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Colman Domingo - <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/drops-rustin.html" target="_blank">Rustin</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Paul Giamatti - <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-os-rejeitados.html" target="_blank">Os Rejeitados</a></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>Cillian Murphy - <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-oppenheimer.html" target="_blank">Oppenheimer</a> (Vencedor)</i></b><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Jeffrey Wright - <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/03/critica-ficcao-americana.html" target="_blank">American Fiction</a></i></li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i> </i></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR ATRIZ</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Annette Bening – <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-nyad.html" target="_blank">Nyad</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Lily Gladstone – <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/10/critica-assassinos-da-lua-das-flores.html" target="_blank">Assassinos da Lua das Flores</a></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Sandra Hüller – <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/02/critica-anatomia-de-uma-queda.html" target="_blank">Anatomia de uma Queda</a></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Carey Mulligan – <o:p></o:p><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-maestro.html" target="_blank">Maestro</a></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>Emma Stone – <o:p></o:p><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-pobres-criaturas.html" target="_blank">Pobres Criaturas</a> (Vencedora)</i></b></li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR ATOR COADJUVANTE</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Sterling K Brown - <o:p></o:p><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/03/critica-ficcao-americana.html" target="_blank">American Fiction</a></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Robert De Niro - <o:p></o:p><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/10/critica-assassinos-da-lua-das-flores.html" target="_blank">Assassinos da Lua das Flores</a></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>Robert Downey Jr. - <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-oppenheimer.html" target="_blank">Oppenheimer</a> (Vencedor)</i></b><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ryan Gosling - <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-barbie.html" target="_blank">Barbie</a></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Mark Ruffalo - <o:p></o:p><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-pobres-criaturas.html" target="_blank">Pobres Criaturas</a></i></li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR ATRIZ COADJUVANTE</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Emily Blunt - <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-oppenheimer.html">Oppenheimer</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Danielle Brooks - <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/02/critica-cor-purpura.html" target="_blank">A Cor Púrpura</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">America Ferrera - <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-barbie.html" target="_blank">Barbie</a></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Jodie Foster - <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-nyad.html" target="_blank">Nyad</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>Da’Vine Joy Randolph - <o:p></o:p><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-os-rejeitados.html" target="_blank">Os Rejeitados</a> (Vencedora)</i></b></li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR ROTEIRO ORIGINAL</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><i><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/02/critica-anatomia-de-uma-queda.html" target="_blank">Anatomia de uma Queda</a></i> </i>— Justin Triet, Arthur Harari (Vencedor)</b><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-os-rejeitados.html" target="_blank">Os Rejeitados</a></i> </i>— David Hemingson<o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-maestro.html" target="_blank">Maestro</a></i> — Bradley Cooper, Josh Singer<o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-segredos-de-um-escandalo.html">Segredos de um Escândalo</a></i> — Samy Burch, Alex Mechanik<o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-vidas-passadas.html" target="_blank">Vidas Passadas</a></i> — Celine Song</li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR ROTEIRO ADAPTADO</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/03/critica-ficcao-americana.html" target="_blank">American Fiction</a></i> - Cord Jefferson (Vencedor)</b><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-barbie.html" target="_blank">Barbie</a></i> - Greta Gerwig, Noah Baumbach</li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-oppenheimer.html">Oppenheimer</a></i><i> </i>- Christopher Nolan</li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-pobres-criaturas.html" target="_blank">Pobres Criaturas</a></i> - Tony McNamara<o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/02/critica-zona-de-interesse.html" target="_blank">Zona de Interesse</a></i> - Jonathan Glazer<o:p></o:p></li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR CANÇÃO ORIGINAL</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">The Fire Inside - <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/06/critica-flamin-hot-o-sabor-que-mudou.html" target="_blank">Flamin' Hot - O Sabor que Mudou a História</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">I’m Just Ken - <o:p></o:p><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-barbie.html" target="_blank">Barbie</a></i> </li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">It Never Went Away - <i>American Symphony</i><o:p></o:p></span></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Wahzhazhe (A Song For My People) - <i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/10/critica-assassinos-da-lua-das-flores.html" target="_blank">Assassinos da Lua das Flores</a></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">What Was I Made For? – <o:p></o:p></span><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-barbie.html" target="_blank">Barbie</a></i> (Vencedor)</b></li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i> </i></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/03/critica-ficcao-americana.html" target="_blank">American Fiction</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/06/critica-indiana-jones-e-reliquia-do.html" target="_blank">Indiana Jones e a Relíquia do Destino</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/10/critica-assassinos-da-lua-das-flores.html" target="_blank">Assassinos da Lua das Flores</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-oppenheimer.html"><b>Oppenheimer</b></a> (<b>Vencedor)</b></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-pobres-criaturas.html" target="_blank">Pobres Criaturas</a></i><o:p></o:p></li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR FILME INTERNACIONAL</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/03/critica-eu-capitao.html" target="_blank">Io Capitano</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>Perfect Days</i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>A Sociedade da Neve</i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>Das Lehrerzimmer</i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/02/critica-zona-de-interesse.html" target="_blank"><b>Zona de Interesse</b></a> <b>(Vencedor)</b></i><o:p></o:p></li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR ANIMAÇÃO</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/02/critica-o-menino-e-garca.html" target="_blank"><b>O Menino e a Garça</b></a> <b>(Vencedor)</b></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/09/drops-elementos.html" target="_blank">Elementos</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-nimona.html" target="_blank">Nimona</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>Meu Amigo Robô</i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/06/critica-homem-aranha-atraves-do.html" target="_blank">Homem-Aranha: Através do Aranhaverso</a></i><o:p></o:p></li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i> </i></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR DOCUMENTÁRIO</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>Bobi Wine: The People's President</i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/02/critica-memoria-infinita.html" target="_blank">A Memória Infinita</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>As 4 Filhas de Olfa</i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>To Kill a Tiger</i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><b>20 Days in Mariupol (Vencedor)</b></i><o:p></o:p></li></ul><p class="MsoNormal" style="margin-left: 36pt; text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR DESIGN DE FIGURINO</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-barbie.html" target="_blank">Barbie</a></i> <o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/10/critica-assassinos-da-lua-das-flores.html" target="_blank">Assassinos da Lua das Flores</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/11/critica-napoleao.html" target="_blank">Napoleão</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-oppenheimer.html">Oppenheimer</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-pobres-criaturas.html" target="_blank"><b>Pobres Criaturas</b></a> <b>(Vencedor)</b></i><o:p></o:p></li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i> </i></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADOS</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>Golda - A Mulher de Uma Nação</i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-maestro.html" target="_blank">Maestro</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-oppenheimer.html">Oppenheimer</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-pobres-criaturas.html" target="_blank"><b>Pobres Criaturas</b></a> <b>(Vencedor)</b></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>A Sociedade da Neve</i><o:p></o:p></li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-barbie.html" target="_blank">Barbie</a></i> <o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/10/critica-assassinos-da-lua-das-flores.html" target="_blank">Assassinos da Lua das Flores</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/11/critica-napoleao.html" target="_blank">Napoleão</a></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-oppenheimer.html">Oppenheimer</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-pobres-criaturas.html" target="_blank"><b>Pobres Criaturas</b></a> <b>(Vencedor)</b></i><o:p></o:p></li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR SOM</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/02/critica-resistencia.html">Resistência</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-maestro.html" target="_blank">Maestro</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-missao-impossivel-acerto-de.html" target="_blank">Missão: Impossível - Acerto de Contas Parte Um</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-oppenheimer.html">Oppenheimer</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/02/critica-zona-de-interesse.html" target="_blank"><b>Zona de Interesse</b></a> <b>(Vencedor)</b></i><o:p></o:p></li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR MONTAGEM</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/02/critica-anatomia-de-uma-queda.html" target="_blank">Anatomia de uma Queda</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-os-rejeitados.html" target="_blank">Os Rejeitados</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/10/critica-assassinos-da-lua-das-flores.html" target="_blank">Assassinos da Lua das Flores</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-oppenheimer.html"><b>Oppenheimer</b></a> <b>(Vencedor)</b></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-pobres-criaturas.html" target="_blank">Pobres Criaturas</a></i><o:p></o:p></li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR FOTOGRAFIA</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/09/critica-o-conde.html" target="_blank">O Conde</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/10/critica-assassinos-da-lua-das-flores.html" target="_blank">Assassinos da Lua das Flores</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-maestro.html" target="_blank">Maestro</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-oppenheimer.html"><b>Oppenheimer</b></a> <b>(Vencedor)</b></i></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/01/critica-pobres-criaturas.html" target="_blank">Pobres Criaturas</a></i><o:p></o:p></li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHORES EFEITOS VISUAIS</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/02/critica-resistencia.html" target="_blank">Resistência</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><b>Godzilla Minus One (Vencedor)</b></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/05/critica-guardioes-da-galaxia-vol-3.html" target="_blank">Guardiões da Galáxia Vol. 3</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/07/critica-missao-impossivel-acerto-de.html" target="_blank">Missão: Impossível - Acerto de Contas Parte Um</a></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/11/critica-napoleao.html" target="_blank">Napoleão</a></i></li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i> </i></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR CURTA</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>The After</i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>Invincible</i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>Knight of Fortune</i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>Red, White and Blue</i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><b>The Wonderful Story of Henry Sugar (Vencedor)</b></i><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i> </i></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR CURTA ANIMADO</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>Letter to a Pig</i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>Ninety-Five Senses</i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>Our Uniform</i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>Pachyderme</i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><b>War Is Over! Inspired by the Music of John & Yoko (Vencedor)</b></i><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MELHOR DOCUMENTÁRIO CURTA</b><o:p></o:p></p><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>The ABCs of Book Banning</i><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>The Barber of Little Rock</i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>Island In Between</i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><b>The Last Repair Shop (Vencedor)</b></i><o:p></o:p></li><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>Nǎi Nai and Wài Pó</i></li></ul>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-42898367623577883992024-03-08T09:19:00.007-03:002024-03-08T18:23:21.566-03:00Rapsódias Revisitadas – A Entrevista<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgE1dB-84Pj_EUdBkPQj1CJKmatQ8m4h-iC3k2SZweCLjPwlIFFsTKBk1jXuNWIMJCwnrYdaGdP58kabF5Mp1Zd9p49nzhPk8Vhp56n7WZGm8hNA441uHm_U12kWllr5sOmltURdxcrMpAyNKtwVDupQFdh5oSIaFkusMbmLypLSqkM0vwmVGGajyQFSgSj/s640/1306438271-cd47ff2f0c89d1dc063d23e581fdd3e4f962d786355daaf74.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise – A Entrevista" border="0" data-original-height="401" data-original-width="640" height="402" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgE1dB-84Pj_EUdBkPQj1CJKmatQ8m4h-iC3k2SZweCLjPwlIFFsTKBk1jXuNWIMJCwnrYdaGdP58kabF5Mp1Zd9p49nzhPk8Vhp56n7WZGm8hNA441uHm_U12kWllr5sOmltURdxcrMpAyNKtwVDupQFdh5oSIaFkusMbmLypLSqkM0vwmVGGajyQFSgSj/w640-h402/1306438271-cd47ff2f0c89d1dc063d23e581fdd3e4f962d786355daaf74.webp" title="Rapsódias Revisitadas – A Entrevista" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpHxaTWLex4JVy4c2QJt7oXdDDwuWLN5UmY3vJz21-umzXPeNb6eo-zMfgIsl-dzN_9NFkGjDL9pSeSCibvUlkgCdKigTc4cLA-z3Y2RGNgaLkS5KbZZQSsGyw061oDtWwGSGgEdlfJfJXWz7dSK9LQcOMOL8qnCNZvTqzrNYIG0luDkqOoB6NngM389p4/s735/MV5BN2JmZGYwOTUtOWVmMC00M2Y1LThiNzEtMjdmMzdiYjcyZjZmXkEyXkFqcGdeQXVyMjAyOTcwMjA@._V1_.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Resenha - A Entrevista" border="0" data-original-height="735" data-original-width="490" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpHxaTWLex4JVy4c2QJt7oXdDDwuWLN5UmY3vJz21-umzXPeNb6eo-zMfgIsl-dzN_9NFkGjDL9pSeSCibvUlkgCdKigTc4cLA-z3Y2RGNgaLkS5KbZZQSsGyw061oDtWwGSGgEdlfJfJXWz7dSK9LQcOMOL8qnCNZvTqzrNYIG0luDkqOoB6NngM389p4/w213-h320/MV5BN2JmZGYwOTUtOWVmMC00M2Y1LThiNzEtMjdmMzdiYjcyZjZmXkEyXkFqcGdeQXVyMjAyOTcwMjA@._V1_.jpg" title="Crítica - A Entrevista" width="213" /></a></div><div style="text-align: justify;">Lançado em 1966 e dirigido por Helena Solberg, o curta
documental <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Entrevista </i>se estrutura
ao redor de várias conversas de mulheres de classe média alta, com idades
variando entre 19 e 27 anos. <span style="color: black; mso-bidi-font-family: "Adobe Garamond Pro"; mso-bidi-font-style: italic;">Essas mulheres falam de dilemas caros à
época, como o papel da mulher na sociedade, entre o que se espera delas e o
pensamento ainda em construção sobre sexo, casamento, virgindade, formação
profissional, emancipação e outros temas do cotidiano feminino da época.</span></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-bidi-font-family: "Adobe Garamond Pro"; mso-bidi-font-style: italic;">As vozes dessas mulheres estão fora de
quadro, já que elas não quiseram mostrar seus rostos ou nomes no filme. Uma
decisão compreensível considerando que em 1966 mulheres falando de sexo ou o
desejo de uma carreira eram temas relativamente tabu e serem vistas conversando
sobre isso poderia afetar a reputação das entrevistadas. Enquanto ouvimos essas
entrevistas, o filme nos mostra fotografias de diferentes mulheres e imagens de
uma mulher se preparando para seu casamento. A noiva é a cunhada da diretora,
Glória Solberg, e é a única entrevista com som sincrônico, em que vemos a
pessoa que está falando.<span></span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-bidi-font-family: "Adobe Garamond Pro"; mso-bidi-font-style: italic;">O uso da voz em off aqui vai na
contramão do que os documentários da época faziam. Em geral o off era (em certa
medida ainda é) o espaço da voz do narrador, uma voz única que serve como fio
condutor da narrativa. Aqui as vozes são variadas e apresentam pontos de vista
de diferentes vieses. Não há, no modo como Solberg apresenta esses depoimentos
em off, a pretensão de apresentar uma verdade inequívoca nem de trazer uma
interpretação definitiva da realidade ou de algum aspecto da sociabilidade. A
variedade de depoimentos é deixada para que os espectadores dialoguem com as
diferentes proposições postas em cena.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-bidi-font-family: "Adobe Garamond Pro"; mso-bidi-font-style: italic;">Os depoimentos são apresentados em
blocos temáticos, apresentando a visão de diferentes mulheres sobre um
determinado tópico. Essas opiniões muitas vezes se mostram em contradição umas
das outras, revelando visões opostas acerca dos temas que estão sendo
comentados. Essa escolha da diretora parece feita justamente para botar em
questão ideias monolíticas sobre o comportamento feminino e como as próprias
mulheres se enxergam e veem seu papel na sociedade. Nesse sentido, o curta de
Solberg serve como um lembrete de que não existe um pensamento único entre as
mulheres e que nem todas encaram da mesma maneira o papel e o lugar ao qual as
mulheres são colocadas em nossa sociedade.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-bidi-font-family: "Adobe Garamond Pro"; mso-bidi-font-style: italic;">São noções que parecem dialogar
diretamente com o seminal livro A Mística Feminina, escrito por Betty Friedan,
lançado em 1963, três anos antes do curta de Solberg. Assim como texto de
Friedan trabalhou para questionar um conjunto de certezas sedimentadas em nossa
sociedade patriarcal, revelando depoimentos de várias mulheres comentando sobre
sua realidade e o que era esperado dela, o filme de Solberg opera em um sentido
e uma estrutura semelhante. Não sei se a diretora foi diretamente inspirada por
essa obra, não pesquisei isso à fundo, mas há um paralelo claro no modo como os
dois trabalhos se movem de maneira semelhante para desestabilizar a ideia
mistificada a respeito do lugar da mulher na sociedade e o que é esperado dela.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É curioso que um filme brasileiro que tenha tantas
similaridades com um texto que foi um dos definidores do feminismo na segunda
metade do século XX tenha sido deixado de fora dos cânones da história do
cinema brasileiro. Só nos últimos, graças a pesquisadoras como Karla Holanda,
que se dedicam aos cinemas feitos por mulheres, é que foi resgatada a
importância das discussões levantadas pelo curta de Solberg. O modo como
Solberg e outras diretoras do cinema brasileiro, como Adélia Sampaio ou Vera
Figueiredo raramente são colocadas junto aos filmes e realizadores canônicos do
nosso cinema é um duro lembrete de como a história do cinema é escrita sob uma
perspectiva masculina e privilegia olhares masculinos.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><p class="MsoNormal">Se durante boa parte do filme é construída essa noção de uma
abertura, de uma pluralidade de posicionamentos femininos, a cena final faz uma
dura contraposição a isso ao trazer imagens ao golpe militar de 1964 e como ele
foi possibilitado por ações de grupos conservadores da sociedade civil que,
entre outras coisas, defendiam justamente a visão monolítica do papel da mulher.
A oposição entre esse final e o restante do filme serve como um lembrete não só
do retrocesso civilizatório da ditadura militar brasileira, mas de como tentativas
de questionar a estrutura patriarcal da sociedade são constantemente rechaçadas
e tratadas como algo abjeto.</p><p></p>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-13571289594652365762024-03-07T10:18:00.003-03:002024-03-07T10:18:22.545-03:00Crítica – O Astronauta<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm5XaTRY6QGP99wrilpO38NvL6xeFh9AuUSqyb_CvXEhANXFnRhECklHfU0ZvCbTBrHIDasRimQzaABn9KdqUWeFxwjJz3RJvN1mzbuNLpgtNjFuABZ0PNKm0ty-kVFgKPvCabm45PfdUfd4j1osARSFI37QD-AR28JR6vNA2sB6gYunpL2x4kTm_Ni_Hz/s750/O-QUE-ACONTECE-EM-O-ASTRONAUTA.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica – O Astronauta" border="0" data-original-height="400" data-original-width="750" height="342" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm5XaTRY6QGP99wrilpO38NvL6xeFh9AuUSqyb_CvXEhANXFnRhECklHfU0ZvCbTBrHIDasRimQzaABn9KdqUWeFxwjJz3RJvN1mzbuNLpgtNjFuABZ0PNKm0ty-kVFgKPvCabm45PfdUfd4j1osARSFI37QD-AR28JR6vNA2sB6gYunpL2x4kTm_Ni_Hz/w640-h342/O-QUE-ACONTECE-EM-O-ASTRONAUTA.webp" title="Crítica – O Astronauta" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi56wUMyaPGTW9oirAvmW3tAeksoxARnFG5BoJ2aIH3O8nKQraZbqROfrk1Fk3R1jYqNmY-9opVxdZHgEQU_DZ1hwaFb98xjjRmdRQJFpVh7ITny7PEBpTIyhVYorsHkyTJP2CI3C19Sd94a6IBcD7CeE0lUO8WycGb8OeMdWKrK2mQrS9lEgNiXz5Mjhza/s1000/astronauta_1.jpg.webp" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review – O Astronauta" border="0" data-original-height="1000" data-original-width="800" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi56wUMyaPGTW9oirAvmW3tAeksoxARnFG5BoJ2aIH3O8nKQraZbqROfrk1Fk3R1jYqNmY-9opVxdZHgEQU_DZ1hwaFb98xjjRmdRQJFpVh7ITny7PEBpTIyhVYorsHkyTJP2CI3C19Sd94a6IBcD7CeE0lUO8WycGb8OeMdWKrK2mQrS9lEgNiXz5Mjhza/w256-h320/astronauta_1.jpg.webp" title="Resenha Crítica – O Astronauta" width="256" /></a></div><div style="text-align: justify;">Sempre fico curioso com os trabalhos mais sérios de Adam
Sandler. Em geral o ator parece render mais em produções assim, como <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2020/02/critica-joias-brutas.html" target="_blank">Joias Brutas</a> </i>(2019) do que nas comédias
pastelão que ele próprio produz. Esse <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
Astronauta</i>, no entanto, é um raro caso de um trabalho mais sério
protagonizado por Sandler que não funciona.</div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Na trama, Jakub Prochazka (Adam Sandler) é o primeiro homem
da República Checa a ir para o espaço. Ele viaja sozinho em uma missão para
investigar a Nuvem Chopra, uma estranha nebulosa que surgiu próxima a Júpiter
anos atrás e deixou nosso céu parcialmente roxo. Sem dormir e extremamente
solitário, o astronauta começa a perceber uma estranha criatura em sua nave, um
ser que parece uma aranha gigante a quem ele chama de Hanus (Paul Dano).
Conversar com Hanus aplaca sua solidão e a criatura alienígena se mostra
curiosa sobre a humanidade e passa a querer saber mais sobre Jakub, o impelindo
a falar sobre seu passado e sua relação complicada com a esposa, Lenka (Carey
Mulligan).<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O filme começa interessante por sua atmosfera de
estranhamento envolvendo Jakub e a estranha criatura que surge, inicialmente
gerando dúvida se estamos diante de um alienígena de verdade ou se o personagem
está apenas pirando por conta da solidão. Os visuais psicodélicos são outro
elemento que chama atenção, com os tons fortes de roxo da nebulosa invadindo os
espaços e as imagens da nave em meio à nuvem cósmica terem algo que remente a
uma viagem lisérgica e a montagem constantemente inserindo fragmentos de
memória do personagem dá a impressão de que estamos navegando por seu
subconsciente. O design de produção é outro acerto, com os espaços apertados da
nave ajudando na sensação de isolamento e claustrofobia do protagonista,
ajudando a entender porque ele está em uma situação tão frágil
psicologicamente.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A questão é que conforme a narrativa se desenvolve as coisas
vão ficando menos interessantes já que o filme começa a andar em círculos em
suas ponderações sobre a condição humana que surgem dos diálogos entre Jakub e
Hanus. Ao explorar o afastamento de Jakub e a esposa, fica óbvio desde o início
que chegaremos a conclusão de que o protagonista empreendeu essa longa viagem
espacial como uma fuga para encarar seus problemas matrimoniais. Esse
entendimento é construído em cima de platitudes sobre a necessidade humana de
conexão que nunca vão além da superfície. A narrativa ainda tenta falar da
relação de Jakub com o pai e dos processos políticos da República Checa para se
tornar um país independente e sair da influência da Cortina de Ferro soviética,
mas é tudo tão rápido que acaba não fazendo muita diferença para a trama e tem
muito pouco a dizer sobre esses temas complicados de política.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Sandler é competente em demonstrar o cansaço e senso de
isolamento de Jakub, enquanto Paul Dano entrega uma performance vocal como
Hanus que consegue soar simultaneamente bizarra e amigável. O resto do elenco,
porém, não tem muito o que fazer. Carey Mulligan fica presa ao papel da esposa
amargurada enquanto Isabella Rossellini é completamente desperdiçada como a
comandante da missão que tenta apaziguar os ânimos entre Lenka e Jakub para
garantir o bem estar do astronauta e da missão.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Assim, apesar de um começo promissor e inicialmente
apresentar boas ideias embaladas em um senso instigante de bizarrice, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Astronauta</i> acaba decepcionando por sua
exploração superficial do isolamento e das relações humanas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nota: 5/10<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trailer</p>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/7iilX1_L7rg?si=13wpaOtjijXEZ5gh" title="YouTube video player" width="560"></iframe>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-38614081858917007192024-03-06T12:53:00.003-03:002024-03-06T18:11:58.430-03:00Crítica - Bom Dia, Verônica: 3ª Temporada<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKRdaqr7OujK5MkdIBQ0WewgxAnK1LAUD7P79VIJcHqNUjS6nwfvFzZIW3NoGhZRpQEDleDuGBvLwckn5CqI6SJOHxH74zBVQ1E-kcdancibJp2zta32YJIkwZIgHCNpeDFI5c_RNRgQ0sUWxzYCSbi0uD3J2MX0j-5h1812unHQzfd3dEzuoW1bH0Nl6e/s1280/bom-dia-veronica-critica-3-temporada.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica - Bom Dia, Verônica: 3ª Temporada" border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKRdaqr7OujK5MkdIBQ0WewgxAnK1LAUD7P79VIJcHqNUjS6nwfvFzZIW3NoGhZRpQEDleDuGBvLwckn5CqI6SJOHxH74zBVQ1E-kcdancibJp2zta32YJIkwZIgHCNpeDFI5c_RNRgQ0sUWxzYCSbi0uD3J2MX0j-5h1812unHQzfd3dEzuoW1bH0Nl6e/w640-h360/bom-dia-veronica-critica-3-temporada.webp" title="Crítica - Bom Dia, Verônica: 3ª Temporada" width="640" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrQiMASf6_XRg0c0NmYvY9uk9eEQwQQzngmuLHRHPePUt011FQHEBVvj8syS1VQfsEzLG0ZDFwpIzN4t3Y74-lgqj3YzuxaTn8-3bf0LVDcUWyHqAdIbwmPZhSoDBb1k1egUroXe4VG4CDRdsk3Iwt_XE_0047kBbilM_BAexGzTLHp45zH2EkEi7JmRNC/s1350/unnamed2-jpg.webp" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review - Bom Dia, Verônica: 3ª Temporada" border="0" data-original-height="1350" data-original-width="1080" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrQiMASf6_XRg0c0NmYvY9uk9eEQwQQzngmuLHRHPePUt011FQHEBVvj8syS1VQfsEzLG0ZDFwpIzN4t3Y74-lgqj3YzuxaTn8-3bf0LVDcUWyHqAdIbwmPZhSoDBb1k1egUroXe4VG4CDRdsk3Iwt_XE_0047kBbilM_BAexGzTLHp45zH2EkEi7JmRNC/w256-h320/unnamed2-jpg.webp" title="Resenha Crítica - Bom Dia, Verônica: 3ª Temporada" width="256" /></a></div><div style="text-align: justify;">Depois de um <a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2022/08/critica-bom-dia-veronica-2-temporada.html" target="_blank">segundo ano em que a trama se perde um pouco</a> em
uma conspiração excessivamente mirabolante, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Bom
Dia, Verônica</i> chega em sua terceira e última temporada com uma duração
abreviada de apenas três episódios. Imagino que deve ter sido mais uma decisão
de financiamento da Netflix do que da equipe criativa da série, já que o número
reduzido não dá conta de resolver tudo que foi construído até aqui com o
impacto que deveria.</div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A trama começa no ponto onde <a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2022/08/critica-bom-dia-veronica-2-temporada.html" target="_blank">o segundo ano parou</a>. Depois que
Verônica (Tainá Muller) prende o evangelista Matias (Reynaldo Gianecchini) ela
vai atrás do misterioso Doúm, líder da máfia da qual Matias fazia parte.
Investigando as origens do grupo criminoso, ela fica na mira de Jerônimo
(Rodrigo Santoro), que parece saber mais do que parece. Quando a filha de
Verônica é sequestrada, ela precisa correr para solucionar tudo.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Se nas duas temporadas anteriores a trama era mais focada em
investigação e desbaratar os nós das conspirações do grupo criminoso, aqui tudo
é mais centrado na corrida contra tempo para encontrar a filha de Verônica, já
que o vilão se apresenta a ela logo de início e não há muito mais a ser descoberto
em relação a quem lidera o grupo criminoso. Isso, no entanto, não significa que
a temporada não tenha sua parcela de reviravoltas, incluindo uma envolvendo o
passado de Verônica.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Rodrigo Santoro traz uma faceta sedutora a Jerônimo,
mostrando como o personagem tem um magnetismo pessoal capaz de envolver e
manipular mulheres em seu esquema. Ao mesmo tempo, o ator confere uma boa dose
de instabilidade e sadismo no personagem, fazendo dele um oponente imprevisível
e verdadeiramente ameaçador. É uma pena, porém, que o pequeno número de
episódios não dê muito espaço para explorar o passado traumático do personagem
e como ele se tornou o sujeito perturbado que é, reduzindo esse passado a uma
série de diálogos expositivos quando seria mais interessante mostrar isso
através de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">flashbacks</i>.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Igualmente envolvente é o trabalho de Maitê Proença como
Diana, a mãe de Jerônimo que é tão perturbada quanto o filho e tem uma relação,
digamos, pouco saudável (para dizer o mínimo) com ele. A motivação da dupla de
gerar um filho perfeito realizando diferentes experimentos em sua fazenda me
lembrou um pouco dos filmes do Zé do Caixão, no qual o célebre personagem de
horror também transitava por paisagens do interior de São Paulo com uma
finalidade semelhante.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Por outro lado, considerando como as temporadas anteriores
estabeleceram o grupo liderado por Jerônimo como altamente influente, com
agentes em todas as esferas de poder e capaz de manipular quaisquer eventos a
seu favor, a revelação de que a atividade do grupo consiste apenas de um
esquema de tráfico de pessoas soa banal demais para toda a aura
conspiracionista mirabolante construída até então e é um pouco decepcionante.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O arco de Verônica soa como uma progressão natural de seu
desencanto com as autoridades, afinal estamos no Brasil e nos acostumamos a ver
poderosos evadindo a lei a polícia atuar em prol deles ao invés da população,
então não poderíamos enxergar a polícia com o mesmo viés heroico de séries
estadunidenses. É também coerente com a conduta violenta da personagem e o modo
com o qual ela demonstra apreciar punir brutalmente os homens violentos com
quem ela cruzou ao longo da série.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O número reduzido de episódios acaba prejudicando o clímax,
com o levante das mulheres cativas na fazenda de Jerônimo vindo muito fácil
apesar de anos de dominação e lavagem cerebral. Também deixa pouco espaço para
os personagens coadjuvantes, que quase não aparece e tem seus principais
desenvolvimentos fora de cena, como Ângela (Klara Castanho), cujo
relacionamento com a namorada e eventual noivado são mais informados através de
diálogos do que efetivamente mostrados em cena, não permitindo que vejamos esse
desenvolvimento. Considerando o que a personagem passou no segundo ano, vê-la
encontrando o amor e reconstruindo a vida seria importante para falar sobre
superação de traumas.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A terceira temporada de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Bom
Dia, Verônica</i> tinha elementos para construir um ótimo encerramento para a
série, mas é prejudicada pelo pequeno número de episódios que faz tudo soar
apressado e sem o desenvolvimento necessário para que alguns momentos chave
tenham o devido impacto.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nota: 5/10<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trailer</p>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/4oDn5TBJA84?si=y_PzT6AiaIPfG9GD" title="YouTube video player" width="560"></iframe>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-79268094020943260062024-03-05T09:38:00.002-03:002024-03-05T09:38:16.907-03:00Crítica – Garra de Ferro<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivXXw_cbXWsWz4F6L6kKrMiVuPaovxxvV6eznGDsg-XUBRLKvEtwRlvadSHpZow1e5zh2AGrjxEW35wp5cwvr7vCZwirs6USM6ZiYvSPFQ7EItpcmpgOSh3z4zq2iY2SKsWoMUDUvHR0tx6_eZaj6Eo_3jUCFTJ5TBImbDWn5gz6HWswwQ48TSbYcaNvps/s1200/imagem_2024-01-30_230049806.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica – Garra de Ferro" border="0" data-original-height="675" data-original-width="1200" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivXXw_cbXWsWz4F6L6kKrMiVuPaovxxvV6eznGDsg-XUBRLKvEtwRlvadSHpZow1e5zh2AGrjxEW35wp5cwvr7vCZwirs6USM6ZiYvSPFQ7EItpcmpgOSh3z4zq2iY2SKsWoMUDUvHR0tx6_eZaj6Eo_3jUCFTJ5TBImbDWn5gz6HWswwQ48TSbYcaNvps/w640-h360/imagem_2024-01-30_230049806.png" title="Crítica – Garra de Ferro" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheviLVf1K5eoKpzG00-B0TP58zHH-CtLTCAdtGOFPB0eMt8KijgxqBobJDOtohED7WyjxOLEa1y7hn1pyWAc3PnfexSu5CP3S1AO7hBzTZqE3XBsjI3qgQ26CUBcSgnUJKY8sSton9V_s1rkfRB2UxpuVBY5pEyAixCc-XmL2GQDy_JImA3ujWDrHiXuFr/s354/0759631.webp" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review – Garra de Ferro" border="0" data-original-height="354" data-original-width="262" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheviLVf1K5eoKpzG00-B0TP58zHH-CtLTCAdtGOFPB0eMt8KijgxqBobJDOtohED7WyjxOLEa1y7hn1pyWAc3PnfexSu5CP3S1AO7hBzTZqE3XBsjI3qgQ26CUBcSgnUJKY8sSton9V_s1rkfRB2UxpuVBY5pEyAixCc-XmL2GQDy_JImA3ujWDrHiXuFr/w237-h320/0759631.webp" title="Resenha Crítica – Garra de Ferro" width="237" /></a></div><div style="text-align: justify;">Em certo sentido <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Garra
de Ferro</i> me lembrou um pouco <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2015/01/critica-foxcatcher-uma-historia-que.html" target="_blank">Foxcatcher</a>
</i>(2014) por ser uma biografia sobre lutadores que tentam melhorar de vida,
se envolvem em relações tóxicas com as pessoas responsáveis por seu treino e
tudo acaba em tragédia. A diferença é que <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2015/01/critica-foxcatcher-uma-historia-que.html" target="_blank">Foxcatcher</a>
</i>era todo focado em mostrar esse lado sombrio do dito “sonho americano”
enquanto <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Garra de Ferro</i> parece
incerto do que efetivamente quer, variando entre uma análise crítica da
tragédia da família Von Erich e uma celebração de seu legado no universo da
luta livre.</div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Focada em Kevin Von Erich (Zac Efron), a narrativa conta a
história real de sua família. O mais velho de quatro irmãos, Kevin é conduzido
pelo pai, Fritz (Holt McCallany), a se tornar um lutador. Fritz conduz a família
com rigidez, criando um ambiente de competição entre os filhos no qual eles não
disputam apenas títulos, mas também a afeição do pai. A exigência de Fritz que
os filhos sejam os melhores os leva a excessos, como uso de anabolizantes,
drogas e uma série de inseguranças. Essa combinação acaba levando a maioria dos
filhos a destinos trágicos.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Holt McCallany é ótimo em mostrar a natureza implacável de
Fritz, que vê os filhos mais como um meio de alcançar seus sonhos de sucesso no
universo da luta livre do que como sua prole. Ele trata os filhos mais como funcionários
do que como filhos propriamente ditos, cobrando resultados o tempo todo e oferecendo
migalhas de afeto para aqueles que atendem suas exigências altíssimas.
Constantemente anunciando seu ranking de preferência de filhos, ele cria um
ambiente de competição entre os rapazes que torna a relação entre eles tão
tóxica quanto a que eles têm com o pai.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O modo como Fritz pouco se importa com o bem estar dos
filhos é evidenciado na cena em que Kevin liga para ele para avisar que o irmão
Kerry (Jeremy Allen White de <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2023/08/o-urso-e-familia-enquanto-sentenca.html" target="_blank">O Urso</a></i>)
está pensando em se matar e Fritz apenas responde “resolvam entre vocês”. Ainda
assim o trabalho de McCallany evita que Fritz se torne uma caricatura vilanesca
tosca pela sinceridade e convicção que o ator traz ao personagem. Seu Fritz não
age dessa maneira porque é cruel ou insensível, pelo contrário ao revelar o
passado de músico o filme mostra como ele pode ser sensível, mas por
verdadeiramente acreditar que está fazendo o melhor para os filhos.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Sua dureza, sua negação de afeto são, em sua mente, maneiras
de ensinar aos filhos sobre as dificuldades da vida e os problemas do mundo.
Ele tem absoluta certeza que sua conduta está ajudando os filhos a serem
melhores e em nenhum momento pensa que teve algum grau de responsabilidade nos suicídios
dos filhos ou em seus problemas com drogas. Não é à toa que o mais saudável é
justamente Kevin, o filho que se casa cedo e logo sai de casa tendo na esposa,
Pam (Lily James), um suporte emocional que não encontrava.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Não deixa de ser curioso, porém, que apesar de mostrar toda
a natureza nociva do tratamento que Fritz dava aos filhos que o filme ainda
queira homenagear os Von Erich por suas proezas no ringue. Claro, não é fácil
realizar as manobras que eles faziam, ainda mais dotá-las de um senso de
espetáculo, mas a trama pede que nos empolguemos com esses momentos de luta e é
muito difícil sentir essa empolgação quando sabemos tudo de horrível que
ocorria nos bastidores. É ainda mais estranho que o filme encerre com a morte
do último dos irmãos de Kevin e logo depois o filme corte para uma cartela de
texto que celebra a contribuição da família Von Erich para a luta livre, sendo
que tudo que vimos nos relata que o legado deles é morte e tragédia.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O encantamento que o filme tem pelo universo das lutas faz o
texto passar batido em como ideais mais conservadores de masculinidade estão
imbricados na conduta nociva dos lutadores e especificamente de Fritz. O modo
como o patriarca se recusa a externar suas emoções e cobra que os filhos sempre
sejam durões parece ter muita relação com os problemas emocionais dos Von Erich
e o filme passa batido a essas questões de como uma masculinidade tóxica é também
nociva aos próprios homens que vivem sob seus valores.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Assim, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Garra de Ferro</i>
é competente ao mostrar a relação nociva dos irmãos Von Erich com o patriarca
da família, mas o modo como o filme transita incerto entre crítica e homenagem
tira a contundência da análise que sua trama faz dessas relações problemáticas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nota: 6/10<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trailer</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/s418FxNtbuQ?si=8WgWxFjhgFTXh9dB" title="YouTube video player" width="560"></iframe>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-52715997135083560032024-03-04T09:32:00.003-03:002024-03-04T09:32:57.487-03:00Crítica – Ficção Americana<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1YNemR8yrZtGrDUoDYW5jmjUxr-SZ_Dv__AiiGgIdxdlrU0aRp3OwZTIu7iQRz-mX_uECrSEEwS122HfynNWkR3HG6DlvIR9XPjfbmccwQk4Uehc6ygST4vJm0GpS9SOLx6FKFDIxtTf7JoA2rKVjJrDCGNwO0OabuxBvzhwBRW__EUopiwYlryQ8aw-n/s1731/american-fiction-anatomy-fgtz-superJumbo.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica – Ficção Americana" border="0" data-original-height="973" data-original-width="1731" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1YNemR8yrZtGrDUoDYW5jmjUxr-SZ_Dv__AiiGgIdxdlrU0aRp3OwZTIu7iQRz-mX_uECrSEEwS122HfynNWkR3HG6DlvIR9XPjfbmccwQk4Uehc6ygST4vJm0GpS9SOLx6FKFDIxtTf7JoA2rKVjJrDCGNwO0OabuxBvzhwBRW__EUopiwYlryQ8aw-n/w640-h360/american-fiction-anatomy-fgtz-superJumbo.jpg" title="Crítica – Ficção Americana" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSubf0nvadAk_q7UqYDR0MEuFuMxZ7whfhV088AzmcO9Pwe_FNVTX8wbK5Lsbrga-Z3NvX6z2RyQmL3rZEoC5vNXvJpIy_jeztCsOV6VYShJaorG4mp8mQ2NBcrGOh7np5csGfJeGb3pKUOU6qevuFLLgcy16TyqpbwapJT2vlQJ4EUTo6jb8JqFfzU3cY/s560/0173785.png-r_1280_720-f_jpg-q_x-xxyxx.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="560" data-original-width="377" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSubf0nvadAk_q7UqYDR0MEuFuMxZ7whfhV088AzmcO9Pwe_FNVTX8wbK5Lsbrga-Z3NvX6z2RyQmL3rZEoC5vNXvJpIy_jeztCsOV6VYShJaorG4mp8mQ2NBcrGOh7np5csGfJeGb3pKUOU6qevuFLLgcy16TyqpbwapJT2vlQJ4EUTo6jb8JqFfzU3cY/s320/0173785.png-r_1280_720-f_jpg-q_x-xxyxx.jpg" width="215" /></a></div><div style="text-align: justify;">Em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Perigo da
História Única</i> a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie fala sobre o
período em que estudou nos Estados Unidos e como um professor que teve na
faculdade avaliou um trabalho seu de escrita dizendo que os personagens dela
não soavam genuinamente africanos. O professor dizia que ela criava personagens
de classe média que mais soavam como brancos do norte global como ele do que
como pessoas africanas. Ele ignorava que a escritora vinha de uma família negra
de classe média urbana da Nigéria e Chimamanda usa essa anedota para mostrar
como pessoas de fora da África negra acham que escrever sobre a região
consistiria em falar quase que exclusivamente sobre pobreza, miséria e doença.
A escritora alerta para o perigo dessa história única dizendo que reduzir todas
as experiências e vivências da população negra na África simplificaria toda a
complexidade de um conjunto enorme de pessoas.</div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Esse debate sobre o que seria uma “arte negra” está no cerne
do filme <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ficção Americana</i>. Embora a
trama se passe nos Estados Unidos ele discute questões muito similares à fala
Chimamanda Ngozi Adichie, criticando como a indústria cultural estadunidense
reduz a experiência negra a essa história única. A trama segue Thelonious
“Monk” Ellison (Jeffrey Wright), um escritor talentoso que não consegue vender
seu novo livro para editoras. Sempre que submete a uma editora diferente recebe
elogios por sua escrita, mas é criticado por não falar sobre “a experiência
negra”, uma fala que o personagem considera duplamente problemática.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Primeiro porque o que os editores consideram como
“experiência negra” consiste de uma visão reduzida que restringe a população
afroamericana a narrativas sobre pobreza, drogas e criminalidade. Segundo
porque implica que escritores negros e negras só seriam autorizados pela
indústria cultural a escrever sobre questões de populações, restringindo sua
liberdade criativa. Para revelar as hipocrisias do meio, Monk decide escrever o
livro mais clichê, mais grosseiro e menos sofisticado sobre pessoas negras,
contando uma história exagerada sobre viciados e criminosos na esperança que as
editoras percebam o quanto isso é ruim. Para o desespero de Monk as editoras
não apenas adoram o livro como até mesmo estúdios de cinema começam a batalhar
pelos direitos de adaptação. Como o escritor está precisando de dinheiro por
conta das despesas médicas da mãe, ele aceita publicar o livro, cujo sucesso
cresce cada vez mais.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O filme mostra como produtores e editores brancos, alheios à
realidade da população negra, tomam essas histórias como relatos crus de uma
realidade brutal e movidos por uma sensação de culpa por conta das
desigualdades e violência contra a população negra aceitam como obra prima
qualquer história que confirme essa visão sobre os negros, independente do
quanto essa obra seja ruim como no caso do livro de Monk. Uma conduta que,
independente de partir de boas intenções, reduz a população negra a clichês
racistas (pensem na Srta. Morello de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Todo
Mundo Odeia o Chris</i>) A narrativa mostra como isso também está presente em
produtores negros através da escritora Sintara (Issa Rae), que em uma conversa
com Monk revela que conta histórias de pobreza e sofrimento porque sabe que
esses livros vão vender bem.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A trama a respeito da relação de Monk com a família,
cuidando da mãe com Alzheimer e lidando com a saída do armário do excêntrico
irmão Clifford (Sterling K. Brown). A oposição entre os clichês do livro de
Monk e a “realidade” dele com sua família de classe média serve para mostrar o
quanto a dita “experiência negra” nos Estados Unidos é muito mais diversa,
plural e rica do que os clichês que a indústria impõem e que, no fim das
contas, acabam sendo mais uma forma de subjugação dessas populações, impedindo
que elas ocupem qualquer outro lugar no imaginário coletivo além do
marginalizado sofredor que é destruído pelas desigualdades do mundo ou que
precisa de um esforço hercúleo para se elevar das dificuldades.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O filme, no entanto, aponta também que Monk é movido por um
certo elitismo, por uma aversão a qualquer coisa que é popular ou que saia de
certos ideais canônicos e eurocêntricos do que seria uma “boa literatura”. Esse
elitismo é abordado de maneira explícita na conversa com Sintara perto do final
e ajuda a entender como esse debate sobre representação é complexo, evitando
cair em certos extremos ou a reduzir tudo a maniqueísmos fáceis, fugindo de
tornar Sintara uma vilã ou alguém a ser antagonizada por Monk. O desfecho acaba
se alongando um pouco demais, o filme poderia acabar tranquilamente após do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fade out</i> da premiação já que o que vem
depois só repete as mesmas ideias de conformidade com a indústria cultural que
o filme tinha apresentado até então.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nota: 8/10<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trailer</p>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/_vR1BPaVvLo?si=t9y6BHeXuT0CmQSw" title="YouTube video player" width="560"></iframe>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-36917978467475983472024-03-01T11:03:00.003-03:002024-03-01T11:03:19.586-03:00Crítica – Eu, Capitão<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIrJRZrAdziHElpd-ivAwOUi_b3ydFhUSNIFuzPUDAuGOPRrStw7gD9ZEc2ns6FGUb-AsoSE9UY-V7cfjXqc6ZfIXikeSjfA4gmzLQk9ZJw3KmrcQSiruELG5YYrIdrGf27SygtM2t-4S0cV8af1ALyEoW5ETATFZpPYEHdGwwRl90eL4JkQs4apc7nGtO/s1200/capitao_topo.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica – Eu, Capitão" border="0" data-original-height="630" data-original-width="1200" height="336" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIrJRZrAdziHElpd-ivAwOUi_b3ydFhUSNIFuzPUDAuGOPRrStw7gD9ZEc2ns6FGUb-AsoSE9UY-V7cfjXqc6ZfIXikeSjfA4gmzLQk9ZJw3KmrcQSiruELG5YYrIdrGf27SygtM2t-4S0cV8af1ALyEoW5ETATFZpPYEHdGwwRl90eL4JkQs4apc7nGtO/w640-h336/capitao_topo.jpg" title="Crítica – Eu, Capitão" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiui-4Rvv7wbJDqesw2il8tPAzbrKvqFLwIloJ8wC6bg2GDq9HvXdC8xm0msQtI9mkgkCBpscfcTeuZxltPXAqwqnT0gB8pMGUpqpJt5wtKLQYcurjts8t8cZ0WYrLgBOsKjVzQYFATO9bWPSOlGPwAspQ0HGAGxqAMBt7aJmOIVTg2uO2-Dplet-jddM3V/s1024/EU-CAPITAO.webp" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review – Eu, Capitão" border="0" data-original-height="1024" data-original-width="724" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiui-4Rvv7wbJDqesw2il8tPAzbrKvqFLwIloJ8wC6bg2GDq9HvXdC8xm0msQtI9mkgkCBpscfcTeuZxltPXAqwqnT0gB8pMGUpqpJt5wtKLQYcurjts8t8cZ0WYrLgBOsKjVzQYFATO9bWPSOlGPwAspQ0HGAGxqAMBt7aJmOIVTg2uO2-Dplet-jddM3V/w226-h320/EU-CAPITAO.webp" title="Resenha Crítica – Eu, Capitão" width="226" /></a></div><div style="text-align: justify;">O brutal processo de travessia do Mar Mediterrâneo por
imigrantes africanos já foi narrado por inúmeras produções europeias e
africanas. O italiano <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Eu, Capitão</i> é
mais um fazer uma crônica a respeito disso, mas a despeito deu seu realismo
implacável não tem muito a acrescentar a esses discursos.</div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A trama é focada em Seydou (Seydou Sarr) um jovem senegalês
que está juntando dinheiro com um primo para que ambos consigam atravessar de
barco para a Itália. A mãe de Seydou e outras pessoas ao seu redor tentam
dissuadi-lo dessa atitude, alertando para os perigos dessa travessia, bem como
do fato de que a Europa não é a utopia que os retratos midiáticos fazem
parecer. Ainda assim Seydou decide empreender a viagem e é defrontado com uma
realidade tacanha de violência e exploração.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O filme enquadra a viagem migratória de Seydou e do primo
como um verdadeiro calvário no qual ele não encontra nada além de sofrimento.
Autoridades dos países que ele atravessa os extorquem cobrando subornos para
deixá-los passar por pontos de checagem, atravessadores criminosos os tornam
reféns e tentam cobrar dinheiro de suas famílias e o status ilegal deles em
países como Líbia, que Seydou passa um tempo durante a travessia, os impede até
mesmo de procurar um hospital em caso de necessidade.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É um percurso marcado por dificuldades brutais e o filme não
economiza em mostrar o peso e o risco que pende sobre os personagens, mostrando
como essa é uma viagem na qual é mais fácil fracassar ou morrer pelo caminho do
que completá-la. O problema é que a produção não oferece muito mais que isso,
construindo uma sucessão de dificuldades e reduzindo seus personagens às
circunstâncias de miséria na qual vivem sem muita nuance ou nada que sirva para
lhes dar complexidade. Produções como <i>Touki Bouki: A Viagem da Hiena </i>(1973) ou <i>Atlantique </i>(2019) trazem olhares mais ricos e menos unidimensionais acerca da migração de africanos para a Europa.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Imagino que a intenção dos realizadores ao contar essa
história era atrair nossa atenção e empatia pelo sofrimento desses migrantes,
nos ajudando a vê-los mais como pessoas do que como estatísticas, mas ao
reduzir seus personagens a suas circunstâncias acaba por desumanizá-los. Além
disso, como não há muito mais do que uma sucessão de situações de sofrimento, a
trama acaba ficando monótona por literalmente estar andando em círculos
repetindo as mesmas ideias e temas. Se a ideia era meramente fazer algo
expositivo, que explicasse a situação para o espectador, teria sido melhor
fazer um documentário.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O clímax, que coloca Seydou para guiar, sem qualquer
experiência prévia, um pequeno barco lotado de imigrantes deixa evidente os
riscos e as dificuldades que essas pessoas experimentam ao tentar cruzar o
oceano em embarcações precárias e sem capacidade para comportar a quantidade de
pessoas que é levada ali. Ainda assim, o encerramento da trama no momento em
que o barco é resgatado pela guarda costeira italiana ser enquadrado com um
viés de triunfo é um pouco incômodo. Claro, num nível pessoal para Seydou ter
conseguido finalmente chegar em seu destino e ter guiado todos no barco com
vida é de fato uma grande vitória para o personagem.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Porém enquanto representação da experiência de populações
africanas migrantes (e o filme claramente propõe que tomemos a jornada de
Seydou como uma metonímia para a experiência comum desse tipo de movimento
migratório) questão de construir a chegada à Europa como uma espécie de terra
prometida na qual tudo vai dar certo para o personagem daí em diante só reforça
o tipo de retrato midiático que a mãe de Seydou e outros personagens tanto
criticam lá no início. É um final que não só mantem o estado das coisas, como
ignora o tratamento que imigrantes africanos recebem no continente e como eles
têm sido cada vez mais alvo de hostilidade de grupos reacionários e xenófobos.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Competente em mostrar a realidade tacanha dos imigrantes
africanos que tentam chegar à Europa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Eu,
Capitão</i> esbarra, porém, em um olhar superficial e excessivamente expositivo
sobre a realidade retratada. Um exemplo de como boas intenções e um tema
relevante nem sempre resultam em um bom filme.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nota: 5/10<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trailer</p>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/XVrpcW2-AQM?si=bizzPC4Obt-ea2TD" title="YouTube video player" width="560"></iframe>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-82185355105092027562024-02-29T08:47:00.003-03:002024-02-29T08:47:29.062-03:00Crítica – A Memória Infinita<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyWcHCx3pc1E4_HtdSueIEPc7lHaojpLRmBAjvICUQLOc_oy_5tRWgFAoUJrbEiT5ru0VNF-DZDhi4aLk29zCA8IGtoVm3J9RD2UcKlpq8aW9idFtUhHs6CA4hVWQLEKbJf63C-7DShXIlxKVlC_rOD89R7xAIbRfpy4350ItFm9y6jHKe20uNpQJsGZ3S/s1440/lamemoria.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica – A Memória Infinita" border="0" data-original-height="900" data-original-width="1440" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyWcHCx3pc1E4_HtdSueIEPc7lHaojpLRmBAjvICUQLOc_oy_5tRWgFAoUJrbEiT5ru0VNF-DZDhi4aLk29zCA8IGtoVm3J9RD2UcKlpq8aW9idFtUhHs6CA4hVWQLEKbJf63C-7DShXIlxKVlC_rOD89R7xAIbRfpy4350ItFm9y6jHKe20uNpQJsGZ3S/w640-h400/lamemoria.jpg" title="Crítica – A Memória Infinita" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5zJCKf03Ral82oG3Ejm0WxuVIclo_ZuF8rXt9EwIaEnMZgMdV-RzmV4CAZOGVJ9r49mZL22mdYmPc3CK05mva-P6bauUInDVhcGM7KWK3CXZsaasi_cNXWhvqmBwVDu98RKvf1gcNSyfZH5WMFEEqP7NI9Xv9y5kbPFjduuxaXTpp-tw4ErQUkZDN6-Bg/s312/MV5BZmEwYTVhNzEtMDBhMC00NTg3LTkwYTctZjg2Nzk4YmUzOWMxXkEyXkFqcGdeQX_IwdbQqp.webp" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review – A Memória Infinita" border="0" data-original-height="312" data-original-width="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5zJCKf03Ral82oG3Ejm0WxuVIclo_ZuF8rXt9EwIaEnMZgMdV-RzmV4CAZOGVJ9r49mZL22mdYmPc3CK05mva-P6bauUInDVhcGM7KWK3CXZsaasi_cNXWhvqmBwVDu98RKvf1gcNSyfZH5WMFEEqP7NI9Xv9y5kbPFjduuxaXTpp-tw4ErQUkZDN6-Bg/s16000/MV5BZmEwYTVhNzEtMDBhMC00NTg3LTkwYTctZjg2Nzk4YmUzOWMxXkEyXkFqcGdeQX_IwdbQqp.webp" title="Resenha Crítica – A Memória Infinita" /></a></div><div style="text-align: justify;">A memória do passado orienta nosso presente e informa nossas
decisões do futuro. Sem memória seria difícil até estabelecermos nossa
personalidade. A importância da memória na identidade pessoal e nacional é o
cerne do documentário chileno <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Memória
Infinita</i>, que indiretamente também pondera sobre o papel do audiovisual na
preservação da memória.</div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O filme é centrado no casal Augusto e Paulina. Eles são
casados há 25 anos e há oito Augusto descobriu que está com Alzheimer. Ambos se
preocupam com a degeneração mental de Augusto e com a eventualidade de que ele
não reconheça mais a esposa ou a si mesmo. O documentário acompanha o cotidiano
do casal e das crises causadas pela doença de Augusto e imagens de arquivo que
mostram a vida pregressa tanto de Augusto quanto de Paulina.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É tocante ver o cuidado que Paulina tem com o marido e a
paciência com a qual conversa com ele nos momentos em que ele está mais confuso
e o faz lembrar de quem é e da relação entre eles. É igualmente tocante como
Augusto volta a se apaixonar por Paulina mesmo quando não a reconhece,
revelando como o amor entre dois sobrevive até mesmo ao esquecimento.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As cenas no presente também mostram os momentos de crise
severa de Augusto, em que ele fica agressivo ou choroso ao não reconhecer
ninguém ao seu redor, onde está e fica chamando pelos filhos ou pelos amigos.
São cenas que mostram o quão horrível a doença pode ser e o quão doloroso é
para os entes queridos ver uma pessoa amada nesse estado ou incapaz de te
reconhecer. Por outro lado esses momentos carregam um incômodo ético de
capturar a imagem de alguém que não tem qualquer condição cognitiva de dar
consentimento para ser registrado e que possivelmente sequer tem noção de estar
sendo filmado em um momento de tamanha vulnerabilidade.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Sim, em alguns momentos de crise Augusto é filmado de costas
ou a imagem é borrada, mas sabemos quem ele é e temos plena noção de tudo que
acontece em cena. Isso sem falar do uso inconstante desse recurso, que não
aparece em vários momentos de fragilidade do personagem. Eu entendo que essas
cenas estão ali para nos dar a real dimensão do que é conviver com essa doença,
mas o filme poderia representar isso de outras maneiras, talvez com atores
encenando esses momentos, recorrer a animação. Existem inúmeras outras maneiras
de fazer o público sentir a severidade da doença sem expor uma pessoa que não
tem condição de dizer que quer ser exposto dessa maneira.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Além de mostrar a relação do casal, as imagens de arquivo
também nos trazem o trabalho de Augusto como jornalista e sua luta em relação à
ditadura militar chilena, expondo os crimes cometidos pelo regime de Pinochet
visando garantir a exposição e a preservação dessas informações para que
ninguém se esqueça dos horrores da ditadura. Nesses momentos, o filme lembra a
importância da memória para a identidade nacional e coletiva, ponderando como é
através desses constantes lembretes dos horrores do passado que podemos
construir um futuro melhor e que não se permitir esquecer é um meio para evitar
os mesmos problemas adiante.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Há um diálogo curioso nessas cenas de arquivo em que Augusto
conversa com o cineasta Raul Ruiz (com quem ele trabalhou como ator) sobre a
possibilidade do cinema ressuscitar os mortos. Ruiz diz que isso foi o que o
atraiu para o cinema citando <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Paixão de
Joana D’Arc</i> (1928), dirigido por Dreyer, dizendo que ao ver o filme queria
salvar Joana. Augusto diz que no Chile acontece o oposto, que os mortos não são
permitidos a morrer por conta dos sumiços e apagamentos da ditadura chilena,
ponderando que no país o trabalho do audiovisual seria também permitir que
esses mortos finalmente descansassem ao tentar revelar a verdade sobre eles. É
uma conversa interessantíssima sobre as diferentes maneiras que a arte dialoga
com o mundo, oferecendo catarse pela lembrança ou pela reparação de uma
violência, mas que o filme passa sem refletir muito a respeito. Mesmo os
paralelos sobre a memória individual de Augusto e questões da memória coletiva
do país acabam não sendo explorados com a força ao qual o material se prestaria,
com o filme preferindo focar mais em Augusto.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ainda que nem sempre faça jus ao seu potencial e que eu
tenha questões com o registro de certas imagens, isso, no entanto, não faz <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Memória Infinita </i>deixar de funcionar
como uma importante reflexão sobre o papel da memória e da importância de sua
preservação para que nunca esqueçamos quem somos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nota: 7/10<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trailer</p>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/tkBiO4p6UPY?si=x4UeDWOg3iTFfBts" title="YouTube video player" width="560"></iframe>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-65512560128515344222024-02-28T10:31:00.002-03:002024-02-28T10:31:12.154-03:00Crítica – Duna: Parte Dois<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMhVn8OsVPuucpOP86DLbPLoe9t78wNco0QK_9lZTBbh1YYzbal-Oo6Xpt1uDN3ORj5gNCuJLBhpYLlgBd3Y_09Y13k1Jl9skVJzKlNfnVp9BiEFZgvvjAyuyczstsRA_5lO530nKJnVXEZs41_AwkHlKvXIVOFE5CMa1q7gvI2O_weLmatLvtFU7NgLw1/s1300/667208.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica – Duna: Parte Dois" border="0" data-original-height="731" data-original-width="1300" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMhVn8OsVPuucpOP86DLbPLoe9t78wNco0QK_9lZTBbh1YYzbal-Oo6Xpt1uDN3ORj5gNCuJLBhpYLlgBd3Y_09Y13k1Jl9skVJzKlNfnVp9BiEFZgvvjAyuyczstsRA_5lO530nKJnVXEZs41_AwkHlKvXIVOFE5CMa1q7gvI2O_weLmatLvtFU7NgLw1/w640-h360/667208.webp" title="Crítica – Duna: Parte Dois" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbtCtWr5BarzX20kho0d2haIL8hiqIGOy4eG4UIVhMcR9iUGhwr1lxTvnv_s_dA-UNSg8deAF7ec0i5cbCFZMuA3P1NT3oK9bGaBvyqdo9TFOGYKpch23jUgicYZn30DGXX8maveDTkDDVV2Av2-dnWO-NnQxFsmKJumW_u5b3Ji5mAlTdBKoMHG2ZbwY2/s1867/dune_part_2_poster_fixed_by_andrewvm_dgrxbla-fullview.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review – Duna: Parte Dois" border="0" data-original-height="1867" data-original-width="1280" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbtCtWr5BarzX20kho0d2haIL8hiqIGOy4eG4UIVhMcR9iUGhwr1lxTvnv_s_dA-UNSg8deAF7ec0i5cbCFZMuA3P1NT3oK9bGaBvyqdo9TFOGYKpch23jUgicYZn30DGXX8maveDTkDDVV2Av2-dnWO-NnQxFsmKJumW_u5b3Ji5mAlTdBKoMHG2ZbwY2/w219-h320/dune_part_2_poster_fixed_by_andrewvm_dgrxbla-fullview.jpg" title="Resenha Crítica – Duna: Parte Dois" width="219" /></a></div><div style="text-align: justify;">Depois de um <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2021/10/critica-duna.html" target="_blank">Duna: Parte Um</a> </i>(2021) que servia como um grande prólogo para o conflito principal
do romance de Frank Herbert, o diretor Denis Villeneuve chega neste <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Duna: Parte Dois</i> com a expectativa de
entregar um desfecho para todos os conflitos iniciados na primeira parte. É uma
responsabilidade grande considerando que o livro é bastante denso e nunca teve
uma adaptação que fizesse jus a ele.</div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A narrativa segue no ponto em que o primeiro parou. Paul
(Timothee Chalamet) e sua mãe, Lady Jessica (Rebecca Ferguson) agora vivem
entre os fremen, o povo do deserto. Paul deseja aprender os modos dele para
enfrentar a ocupação dos Harkonnen, mas sua mãe tem planos ainda maiores, usar
uma antiga profecia para convencer os fremen de que Paul é o messias prometido
e assim fazê-lo se tornar o líder dos povos de Arrakis. As coisas se complicam
quando o Barão Harkonnen (Stellan Skarsgard) manda seu cruel sobrinho
Feyd-Rautha (Austin Butler) para atacar os fremen e controlar a extração da
especiaria no planeta.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Como no primeiro, impressiona a construção visual do
universo de Duna, com as paisagens desérticas de Arrakis iluminadas por
múltiplos sóis exibindo uma beleza implacável de uma natureza intocada e capaz
de destruir qualquer um que não conheça seus caminhos. O planeta dos Harnkonnen
com seu sol negro que torna um branco leitoso cheio de contraste com sombras
cria uma oposição visual com Arrakis, principalmente pela arquitetura do
palácio dos Harkonnen que remete a construções tecno-orgânicas sinistras
similares aos designs de H.R Geiger. Curiosamente seria Geiger o responsável
pelo desenho de produção dos cenários dos Harkonnen na adaptação de Duna que
Alejandro Jodorowski tentou fazer e não conseguiu (o documentário <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Duna de Jodorowsky </i>mostra os bastidores
dessa produção).</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Para além dos visuais, o filme segue a exploração de temas
como colonialismo e o uso da fé como instrumento de manipulação das massas. A
trama acerta em mudar um pouco a conduta de Chani (Zendaya) para alguém mais
questionadora da decisão de Paul de assumir a profecia e posar como o messias
dos fremen, lembrando que ela seria só mais um instrumento para os estrangeiros
dominarem os fremen e que trocar a violência dos Harkonnen pelo radicalismo
religioso dos Atreides seria apenas trocar quem os controla. De certa maneira
isso serve para criticar o tropo de “salvador branco” do arco de Paul.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Para falar mais sobre isso eu inevitavelmente tenho que
comentar sobre o final e as alterações que o filme faz em relação ao livro,
então aviso que os parágrafos a seguir contem SPOILERS. Se no livro o desfecho
conclui a típica jornada de “salvador branco” com Paul se tornando imperador e
tomando a princesa Irulan (Florence Pugh) em um casamento de fachada enquanto
mantem o romance com Chani, que se torna sua concubina, em um final que soa
como algo positivo apesar do potencial de uma guerra santa no horizonte (que se
concretiza nos livros seguintes). Aqui, porém, o arco de Paul é menos de um
salvador branco e mais o de alguém que se corrompe pelo poder e trai tudo que
ele era antes, abandonando inclusive a pessoa amada, para conseguir seus
objetivos. É uma vitória amarga que termina com Chani se colocando em uma
posição de se opor a Paul e vir a se tornar a líder que pode de fato liberar os
fremen da dominação estrangeira. Paul não termina concretizando seu destino de
salvador branco, sendo enquadrado mais como um novo dominador.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Se antes os boatos de que Villeneuve faria uma “parte três”
adaptando o segundo livro de Herbert me enchiam de temor considerando que todos
os livros depois do primeiro vão ficando progressivamente piores. Agora, com
esse final, o diretor criou um caminho bem interessante para continuar a trama
e confesso que estou curioso caso haja, de fato, um terceiro filme.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O filme, porém, tem alguns problemas que me incomodam um
pouco, talvez por eu ter lido a obra de Herbert várias vezes e estar muito
próximo a ela. A primeira coisa é o tempo que se passa na trama. Como no filme
Lady Jessica começa e termina ainda grávida da filha Alia, devemos entender que
toda a campanha de Paul para retomar Arrakis levou apenas alguns meses. É algo
pouco convincente considerando que se trata de guerra em escala planetária em
que os fremen transitavam por paisagens hostis predominantemente a pé e que as
histórias sobre os feitos de Paul precisariam circular de boca a boca por todo
mundo. No livro esses eventos levam anos, com Alia já sendo uma criança no fim
da história. Imagino que a decisão de manter a personagem no ventre da mãe se
dá por questões de adaptação, já que as capacidades ampliadas da menina
provavelmente implicariam em ter um bebê digital bizarro andando e falando como
adulto e isso poderia ficar visualmente ruim. Ainda assim, fica a impressão de
que o tempo que se passa na trama não seria suficiente para que os eventos
narrados ocorressem.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Outra coisa é que considerando as capacidades mentais
ampliadas de Paul, Jessica e outros personagens falta lisergia na construção
visual do filme. Considerando que é quando Paul vai viver com os fremen que
suas habilidades aumento por conta do consumo da especiaria e da “água da vida”
seria importante ilustrar como alguém que vê múltiplas temporalidades ao mesmo
tempo experimenta o mundo. O filme apresenta uma visão aqui e ali, mas essa
capacidade precognitiva de Paul, Jessica e Alia é mais dita do que construída
visualmente, tirando da narrativa um de seus elementos mais singulares que eram
os mergulhos na consciência ampliada de Paul. Por toda construção visual
impressionante que Villeneuve apresenta aqui fica a impressão que ele não
aproveita o potencial da história para a lisergia, algo que <a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2021/11/rapsodias-revisitadas-duna-1984.html" target="_blank">a versão de David Lynch </a>com todos os seus (muitos) problemas tentou explorar.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ainda assim <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Duna:
Parte Dois </i>é um épico envolvente que encerra bem o arco construído no
primeiro filme, fazendo justiça às ideias principais do romance e até
repensando de maneira interessante alguns de seus elementos que talvez não
funcionassem bem no contexto atual.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nota: 8/10<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trailer</p>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/ncwsW3qxQlo?si=h9ZfRAupzAth4otK" title="YouTube video player" width="560"></iframe>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-173709363180425850.post-11890525002534859152024-02-27T09:14:00.005-03:002024-02-27T09:20:59.276-03:00Crítica – Zona de Interesse<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEBpKak07U_EgoSnUuujsThYTztKPbuf1CVPmMI-RfUzXNOVsmi_9a1IxgpWBWg9JKIdDhIVD0Dj-ytIQdztlLKd0K8bGFwOEiLgKulZvDyYZB3tfAfW9VkipqeKTgluQ4DwHEHIdEqoMBp9MpUB5PfJDynJ2a56QvRSSDTMfksn25aJEP5t-dnmUhhuG3/s720/1211-LZONE.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Análise Crítica – Zona de Interesse" border="0" data-original-height="440" data-original-width="720" height="392" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEBpKak07U_EgoSnUuujsThYTztKPbuf1CVPmMI-RfUzXNOVsmi_9a1IxgpWBWg9JKIdDhIVD0Dj-ytIQdztlLKd0K8bGFwOEiLgKulZvDyYZB3tfAfW9VkipqeKTgluQ4DwHEHIdEqoMBp9MpUB5PfJDynJ2a56QvRSSDTMfksn25aJEP5t-dnmUhhuG3/w640-h392/1211-LZONE.webp" title="Crítica – Zona de Interesse" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQzWzuOrPlYt9bGiuozFSuV4hAJ6uIOJsZChVX9tx1HBjR7I_Il1JkiO5YJg533uGmiQSRozfWkayFpUAJQe7kFER4r4kQdFR2ELhZLlmgS5bxXulQ0JxsvcjCc-0S1tSowFBS5YngKzkR86LELPGjkUngyBn1XG7CUHHmupETyx_UmEIenszerroD6lu9/s600/zona-de-interesse-p-ster-para-cinema-64x94-min-400x600.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Review – Zona de Interesse" border="0" data-original-height="600" data-original-width="400" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQzWzuOrPlYt9bGiuozFSuV4hAJ6uIOJsZChVX9tx1HBjR7I_Il1JkiO5YJg533uGmiQSRozfWkayFpUAJQe7kFER4r4kQdFR2ELhZLlmgS5bxXulQ0JxsvcjCc-0S1tSowFBS5YngKzkR86LELPGjkUngyBn1XG7CUHHmupETyx_UmEIenszerroD6lu9/w213-h320/zona-de-interesse-p-ster-para-cinema-64x94-min-400x600.jpg" title="Resenha Crítica – Zona de Interesse" width="213" /></a></div><div style="text-align: justify;">O diretor Jonathan Glazer já explorou imagens cruéis e
aterrorizantes em filmes como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Reencarnação
</i>(2004) e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sob a Pele</i> (2013), então
a ideia dele explorar o nazismo e os campos de concentração me deixou curioso
para ver como ele mostraria os horrores do genocídio perpetrado pelos nazistas.
Diante de um horror tão real, as escolhas de Glazer neste <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Zona de Interesse</i>, que adapta um romance escrito por Martin Amis,
vão na contramão do que se esperaria conhecendo seus trabalhos anteriores.</div><p></p>
<h3 style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">O Naturalismo</b></h3>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O diretor opta por nunca mostrar o que acontece em
Auschwitz, ao invés disso focando toda a trama no cotidiano da família do
oficial nazista Rudolf Hoss (Christian Fiedel) e sua família que vivem em uma
luxuosa casa de dois andares ao lado do campo de concentração, separados por um
alto muro. Ao mostrar a normalidade da vida dos nazistas que não apenas moravam
ao lado dos campos como gerenciavam o extermínio o filme torna todo o
extermínio ainda mais inaceitável. Enquanto famílias inteiras morriam nos
campos, Rudolph passeava de canoa com seus filhos em um riacho próximo e sua
esposa, Hedwig (Sandra Huller, de <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2024/02/critica-anatomia-de-uma-queda.html" target="_blank">Anatomia de Uma Queda</a></i>), pensa em que flores plantar no jardim. Essa normalidade
diante do horror me lembrou um pouco o argentino <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="http://www.rapsodiaboemia.com/2015/12/critica-o-cla.html" target="_blank">O Clã</a></i> (2015), de Pablo Trapero, que se passava durante a ditadura
argentina e também contava a história de uma família que vivia uma vida de conforto
às custas do horror que acontecia adjacente à sua residência.<span></span></p><a name='more'></a><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Essa normalidade do cotidiano é ressaltada pelo naturalismo
extremo com o qual Glazer filma. Com uma fotografia que preza pela luz natural
e uma paisagem sonora marcada pelo som direto, que deixa todos os ruídos
ambientes para que os escutemos, o filme evita qualquer estilização das imagens
para tornar o cotidiano dessas pessoas o mais banal e menos imaginativo
possível para ressaltar a natureza comum desses indivíduos. É um lembrete que genocidas
e fascistas não são monstros que vivem apartados da sociedade, eles vivem como
pessoas comuns, que estão ao nosso redor, são nossos vizinhos ou colegas de
trabalho, os vemos brincar com seus filhos e animais de estimação e ainda assim
são capazes de defender o genocídio de uma população inteira.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O filme, no entanto, nunca trata Rudolf como alguém que
meramente seguia ordens, deixando claro que ele dava ordens (alguém chega a
dizer que ele tornou realidade os pensamentos do regime) e tem plena noção do
que estava fazendo. Em uma reunião no qual é explicado como funcionariam as
fornalhas é curioso perceber as escolhas especificas de linguagem usadas para
se referir a todo o aparato, fazendo tudo soar o mais impessoal possível e
nunca mencionando que pessoas seriam colocadas ali, como que para afastarem os
próprios pensamentos do que estariam fazendo. Toda a conversa é conduzida como
se estivessem falando de uma fábrica, de algo a ser produzido em escala
industrial e não de todo um aparato feito para matar pessoas e não deixar
quaisquer vestígios delas.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A ciência de Rudolf e de sua família a respeito do que
estava acontecendo fica evidente em vários outros momentos. Em uma cena vemos
Rudolf satisfeito em sua mesa contando vários tipos de cédulas. Certamente
dinheiro confiscado dos prisioneiros dos campos e que o nazista não tem
qualquer receio de tomar para si. Do mesmo modo, quando Hedwig aparece contente
com seu novo casaco de pele, o filme deixa claro que ela sabe de onde ele veio.
É como se eles não importassem com toda a morte ao seu redor desde que eles
possam manter todo o conforto material e financeiro que desfrutam. Não é à toa
que Hedwig insiste que o marido lute para não ser transferido porque não quer
deixar a confortável propriedade na qual vive ao lado dos campos de
concentração.</p>
<h3 style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A Sobrevivência das
Imagens</b></h3>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Durante boa parte do filme os campos sequer são vistos, com
a fumaça deles ocasionalmente visível sobre o muro que os separa dos Hoss
funcionando como um lembrete soturno do que está ocorrendo enquanto aquela
família vive uma bucólica existência de classe média. A produção, no entanto,
mostra o espaço além dos muros de duas maneiras. Uma são em imagens noturnas, capturadas
sob um filtro de visão noturna preto e branco que mais parece que estamos
olhando um negativo de película, uma oposição sombria à natureza que cerca os
Hoss. Esses segmentos mostram uma garota deixando frutas em áreas em construção
para os trabalhadores judeus forçados a trabalhar nos campos. As imagens são
alternadas com cenas de Rudolf lendo contos de fada para filha contrapondo a
fantasia e a ludicidade que a filha de Hoss experimenta ao lado do pai com os
horrores indizíveis daquela menina que tenta de alguma forma ajudar os
prisioneiros (e que foi inspirada em uma pessoa real que o diretor conheceu).</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A outra maneira é a cena final em que vemos Auschwitz no
presente, com funcionários cuidando das exposições e memoriais construídos para
lembrar o extermínio que aconteceu ali. A escolha de mostrar os ambientes
internos do campo apenas no presente lembra a decisão do documentarista Claude
Lanzmann em evitar imagens de arquivo e só mostrar imagens dos campos no
presente no seminal <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Shoah</i> (1985). Ao
mostrar o presente, ambos os filmes falam da sobrevivência da memória.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Pensar na sobrevivência da memória e das imagens que lhe
servem de índice é importante porque um genocídio na escala do Holocausto
funciona como um duplo processo de violência. De um lado a violência provocada
pelo extermínio e de outro a violência do apagamento dos registros desse
genocídio para que ao final fosse como se essas pessoas nunca tivessem
existido. Como quem ia para as câmaras não sobrevivia, nos resta olhar para o
que restou como Glazer mostra aqui, as pilhas de sapatos, as muletas e outros
vestígios deixados pelos que foram exterminados. Esses farrapos de roupas são
uma resistência à violência desse apagamento Se é difícil representar em
extermínio em imagens, se há algo de inimaginável ou indizível neles, essas
imagens do presente servem para um convite à fabulação. Se o projeto nazista
era de um apagamento, esses vestígios dirigem-se a essa natureza indizível e
inimaginável e a refutam. Eles nos confrontam com o pouco que sobrou e nos põem
a imaginar os horrores perpetrados.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ao mostrar o prosaico, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Zona
de Interesse</i> amplifica o horror do Holocausto, provocando e
chocando não por imagens explícitas de extermínio, mas pelo cotidiano banal
daqueles que o perpetraram.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nota: 10/10<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trailer</p>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/bdGPi0HvTEY?si=U2bhhtpRF0MIA118" title="YouTube video player" width="560"></iframe>Lucas Ravazzanohttp://www.blogger.com/profile/05232914744214259641noreply@blogger.com0