segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Crítica - John Wick: Um Novo Dia Para Matar

Análise John Wick: Um Novo Dia Para Matar


Review John Wick: Um Novo Dia Para Matar
O primeiro De Volta ao Jogo (2014) pegou todo mundo de surpresa com suas excelentes cenas de ação e a criação de um universo bastante singular habitado por assassinos profissionais. Com um padrão tão alto de comparação, era natural duvidar de este John Wick: Um Novo Dia Para Matar conseguiria ser tão bom quanto o antecessor, mas o resultado é bastante satisfatório.

A trama começa um pouco depois do fim do primeiro filme, com John (Keanu Reeves) perseguindo o resto dos mafiosos russos em busca de seu carro. Ao recuperá-lo, ele poupa a vida do novo líder da máfia russa e propõe uma trégua, que é aceita. Isso, no entanto, não significa o fim dos dias de luta de John, já que ao saber de seu retorno, um antigo conhecido de seus dias de profissional, Santino (Riccardo Scamarcio) aparece em sua porta para cobrar uma antiga dívida de sangue. Segundo as regras da sociedade de assassinos, John é obrigado a honrar a dívida, caso contrário será considerado traidor e caçado sem perdão. Como de costume, o protagonista é traído e resolve ir atrás daqueles que o prejudicaram, o que o coloca na mira de vários assassinos.

O filme expande o criativo submundo de matadores profissionais apresentado anteriormente, deixando mais claro como ele funciona e as regras que o regem. Da informação de que há um "conselho diretor" formado por representantes dos principais grupos criminais do mundo, passando pela central telefônica no qual os contratos são solicitados e divulgados. É o tipo de coisa que poderia entrar facilmente no terreno do cartunesco, mas o diretor Chad Stahelski e o roteirista Derek Kolstad conseguem imprimir um senso de realismo a todo esse exagero, tornando esse universo bastante crível.

Somos apresentados a um grande grupo de personagens bastante interessantes e exóticos, que conseguem ficar na memória mesmo com pouco tempo de tela, já que o filme é direto e claro, ainda que econômico, ao apresentar suas motivações, habilidades e conhecimentos. Conhecemos o "Rei dos Mendigos" (Lawrence Fishbourne) e sua rede de mendigos vigias/assassinos e pombos-correio, a assassina muda Ares (Ruby Rose, a Stella de Orange is the New Black), o pragmático Cassian (Common), que enfrenta John não por uma questão pessoal, mas para restaurar a honra; ou o divertido Sommelier (Peter Serafinowicz). Isso sem falar naqueles que retornam, como o "gerente" Winston (Ian McShane) ou o mecânico Aurelio (John Leguizamo).

As cenas de ação continuam excelentes, com poucos cortes, planos contínuos, que reforçam a unidade e coesão dos embates. A presença constante de Keanu Reeves em cena fazendo boa parte das façanhas do personagem contribui para a impressão de John Wick como um sujeito extremamente letal e de inigualável vigor e força de vontade. Como antes, o filme não economiza no sangue e na violência gráfica, nos deixando perceber o impacto e a gravidade da brutalidade que Wick libera sobre seus oponentes, incluindo um momento em que ele finalmente mostra como é possível matar duas pessoas usando apenas um lápis, como muitos personagens comentam ao longo do primeiro e deste filme. O diretor Chad Stahelski continua a criar momentos memoráveis cheios de energia e intensidade, da perseguição de carros no início ao embate final em uma galeria de espelhos que remete ao clímax de Operação Dragão (1973) com Bruce Lee.

Reeves faz de Wick um homem que redescobre seu propósito para a violência, ainda que (como outros personagens do filme) exiba uma certa medida de melancolia em relação à vida de matança que levou. A morte da esposa e os eventos do primeiro filme ainda pendem sobre sua cabeça. O luto, a dor e a falta de motivos para seguir em frente são, de alguma forma, o que impelem John em sua jornada de vingança e reparação. Na mente dele qualquer resultado é favorável: se vencer terá eliminado seus inimigos, se perder finalmente poderá ter a paz que tanto deseja. Esse sentimento que não há mais nada a perder ajuda a torná-lo ainda mais implacável.

John Wick: Um Novo Dia Para Matar entrega o que toda boa continuação deveria fazer, expandindo o universo, aprofundando seu escopo, trazendo novos e interessantes personagens ao mesmo tempo que continua a desenvolver o arco dramático de seu protagonista e realiza novas e espetaculares cenas de ação.


Nota: 8/10

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